Colunistas
A revolução francesa pode servir de exemplo para nós
Porque 9,9 pessoas de cada 10 apoiaram a greve dos caminhoneiros. Escrevo no passado porque não sei como vai ser amanhã. Pode ser que a greve termine nesta segunda-feira, mesmo porque não pode se estender indefinidamente. Poder até pode, mas aí as consequências seriam catastróficas, inclusive com pessoas começando a passar fome por falta de alimentos. Todo o povo deve agradecer aos caminhoneiros pela iniciativa que tiveram. É que ninguém mais aguenta. Somos escravos da nobreza política do Brasil, que fazem com nós o que bem entendem. Escrevo isto desde que existe a Panela de Pressão. O filme é sempre o mesmo e nunca muda. Se você olhar as notícias de 25, 30 anos atrás são as mesmas de hoje. Crise, gasolina cara, governos quebrados, aumento de impostos e por aí vai. Na esteira do Plano Real, que acabou com a inflação em 1994, o presidente Fernando Henrique promoveu a maior elevação de impostos que já se teve notícias no Brasil. O percentual da carga tributária era de 22 a 25% do PIB e FHC a elevou para coisa de 32 a 33%. A justificativa era de que para manter a inflação baixa o governo não podia ter deficit, e para não ter deficit, só aumentando impostos. Ninguém chiou porque ninguém mais aguentava a inflação. De lá para cá a carga só foi aumentando. O povo está se sentindo representado pelos caminhoneiros. Ninguém lucra com a greve, a população só teve prejuízos. Tanto os trabalhadores quanto os empresários. Mas todos estão abraçados nessa, porque ninguém mais aguenta. Alguma coisa precisava ser feita.
ESCRAVIDÃO
Se não é escravidão, estamos vivendo no Brasil num regime análogo à escravidão. Refiro-me à população que não vive às custas do Estado. Refiro-me à população que sustenta o Estado. Enfim, que paga a conta, que somos todos nós, empresários e trabalhadores. Quando falta dinheiro, que pode ter vários motivos, a primeira coisa que nossos políticos fazem é aumentar impostos. De preferência sobre combustíveis, luz e comunicações. De modo geral, o Brasil é considerado um manicômio tributário. São mais de 60 impostos diferentes. Como é fácil tributar estes três tributos, que todos têm que consumir e é fácil de arrecadar, são os mais visados pelos políticos. Sobre os combustíveis, pagamos só de imposto estadual, que ninguém fala, 30% de ICMS. Era 25%. Coisa de dois anos atrás, Sartori e os deputados estaduais resolveram meter mais um pouco a mão no nosso bolso e aumentaram para 30% o ICMS sobre estes três itens essenciais. Na época, dois peemedebistas de Ivoti e a prefeita de Dois Irmãos foram lá na Assembleia apoiar o aumento do ICMS. 25% do ICMS vai para os municípios. Para arrecadar mais foram lá apoiar os deputados a votar a favor. O prejuízo para a economia do Estado não importava. Só importava arrecadar mais. O resultado está aí.
A FAVOR
Nossos deputados aqui da região foram a favor. E os R$ 2 bilhões que arrecadam todos os anos a mais somos todos nós que pagamos. O rico e o pobre. Todos consumimos luz, combustíveis e telefone. Por isto os impostos indiretos, que incidem sobre produtos, são os mais injustos. Chegam a ser caso de polícia. Mas nossos deputados votaram a favor para aumentar a arrecadação do Estado quebrado. Pagamos mais caro a gasolina para jogar o dinheiro no saco sem fundo que é o Rio Grande do Sul. Ou seja, mais impostos sem retorno algum para o cidadão. Só quis mostrar porque a gasolina é tão cara no Brasil. Este é apenas um detalhe. A crise é tributária e não de óleo diesel, gasolina ou etanol. A versão moderna de escravidão a que o povo brasileiro é submetido tem que ter um fim. Abram o olho senhores políticos porque a revolução francesa pode servir de exemplo para os brasileiros.