Coluna Estância Velha
Coluna de Estância Velha – 18/12/25
Anna Bezerra
Luz
Iluminação pública só chama atenção quando falta. Talvez por isso seja significativo fechar o ano com todos os protocolos atendidos. Ruas iluminadas não pedem elogio, apenas permitem que a cidade funcione melhor. Caminhar, chegar em casa, atravessar a noite sem sobressaltos. Às vezes, cuidar da cidade é resolver o que parece simples.
Rotina
Foram mutirões, manutenção constante, troca de pontos. Nada épico. Mas é nessa repetição que a cidade vai ficando mais confortável de viver. Quando o serviço público entra na rotina, ele desaparece do noticiário — e isso não é defeito, é sinal de que está funcionando.
Despedida
O Natal entra na reta final em Estância Velha com outro ritmo. As luzes seguem acesas, mas a pressa diminui. É tempo de últimos passeios, de repetir caminhos, de alongar a pausa antes do calendário apertar de novo. O Natal cumpre seu papel quando vira memória, não quando vira agenda.
Território
Durante anos, uma casa no Rincão dos Ilhéus foi mais do que um imóvel. Era um ponto de domínio silencioso. A demolição não é só concreta, é simbólica. Cidade não pode ter áreas onde o medo manda. Quando o poder público age, retoma o espaço e redefine limites.
Ciclo
O tráfico se sustenta na repetição: ocupa, intimida, normaliza. Quebrar isso exige persistência. Foram décadas até o abandono definitivo do local. Derrubar a casa não apaga o passado, mas encerra uma história que parecia permanente. E isso muda o futuro possível.
Retorno
Transformar o espaço em área de convivência é devolver algo básico: o direito de estar. Banco, luz, circulação. Pequenas escolhas urbanas que dizem muito. Onde havia medo, nasce possibilidade. E cidade também se constrói assim, passo a passo.
Memória
Algumas pessoas constroem cidades sem erguer prédios. Sandra Hess faz isso com livros. A homenagem da Câmara reconhece uma trajetória que ajudou Estância Velha a se contar, a se registrar, a não esquecer. Preservar memória não é nostalgia, é identidade. Cidade que se lê entende melhor quem é.
Pausa
E falando em Câmara, a última sessão aconteceu no dia 16, e agora vem o recesso, entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. Há dias de portas fechadas por conta do Natal e do Ano Novo, outros seguem com expediente normal, em ritmo reduzido. A política entra em modo de espera, como a cidade. Não é ausência, é intervalo. Porque até as instituições precisam de fôlego para voltar a funcionar em janeiro, quando as sessões retornam e o cotidiano recomeça.