Coluna de Nova Petrópolis – 11/12/2025

Por Anna Bezerra

Alerta
Nova Petrópolis registra 6,3 casos de violência doméstica por mês neste ano. De janeiro a novembro, foram 57 casos, concentrados no Centro e na Pousada da Neve. Os números apresentados na Câmara de Vereadores, em sessão ordinária na terça-feira, 9, mostram que, mesmo com campanhas e alertas, os casos não diminuem de fato. Falar sobre violência existe, mas a realidade continua dura e clara.

Invisível
A violência cresce quando a sociedade faz vista grossa. Quando se pensa “isso não acontece comigo”, quando se ignora ou se minimiza, o problema se perpetua. Os atendimentos da coordenadoria só acontecem quando a violência já extrapolou todos os limites, porque os boletins de ocorrência chegam tarde demais. E, enquanto os números são discutidos, pouco se faz de concreto para prevenir.

Educação
Não adianta apenas políticas de registro e atendimento. É preciso educar os meninos desde cedo, no seio familiar, para que entendam que não são donos do corpo de ninguém e que respeito e limites são inegociáveis. Sem isso, a cultura do machismo se reproduz e a violência segue aumentando, enquanto ações concretas e preventivas quase não aparecem.

Mais prática e menos teoria
Falar de políticas públicas para mulheres virou discurso decorado para muitos que ocupam cargos públicos. Tentei, meses atrás, buscar informações para montar uma matéria e falar do assunto: ver o que realmente a cidade faz para que a sociedade não tenha medo de denunciar, parar de ver pessoas sofrendo e fingir que não vê. O que fizeram? Passaram de um para o outro, jogaram a responsabilidade adiante. Fui pessoalmente na secretaria, e não obtive resposta sobre ações reais, dados ou programas de prevenção. O medo, a negligência e o descaso ocupam o espaço onde deveria haver ação.

Reconhecimento
Um reconhecimento merecido, por unanimidade, foi aprovado, o Projeto de Lei do Legislativo nº 027/2025, que institui a “Homenagem Anual aos Servidores da Segurança Pública” no município.

Merecido
Em meio a tanta negligência e descaso, os profissionais da Segurança Pública, principalmente da Brigada Militar, merecem muitos aplausos, pois realmente fazem a diferença, atendem ocorrências e se expõem diariamente para proteger vidas. Mas, por mais que façam, eles não podem executar sozinhos um trabalho que não é só deles. O sistema, nossas leis e políticas públicas ainda deixam lacunas enormes, entregando mulheres à violência e falhando em proteger a população de forma efetiva.

Responsabilidade
O esforço desses profissionais evidencia a urgência de uma atuação coordenada entre sociedade, órgãos públicos e leis mais eficazes. Homenagens são um gesto de gratidão, mas não substituem a necessidade de políticas públicas reais, educação, prevenção e fiscalização.