Coluna Dois Irmãos
Começo de Conversa – 13/12/23
Dois Irmãos
Mauri Marcelo Toni Dandel
UM SOPRO
Perdemos na terça nosso companheiro de firma, o Brandt, que recebeu seu chamado mais cedo. Tinha 71 anos, mas quem ouvisse suas prosas, dava-lhe uns 10 ou 12 anos a menos! Quando acontecem estas tragédias a gente percebe que a vida é um sopro. É uma curva, um segundo, um ‘detalhe’ e “já era”. E aí a gente fica se perguntando “mas e se…”, e “se em vez disso, tivesse feito aquilo”…
DE FRENTE
Olha, quando chega a hora, a gente nunca quer, mas não tem jeito!
Ontem o Jorge nos contou que o caminhão tinha saído da Incopel com pedras para levar na lateral do Feitoria em Picada Café, ainda para melhorias das enchentes. E o Brandt descia de Nova para Dois Irmãos, então, quis o destino que no meio do caminho… Então, à família e amigos, nossos sentimentos!
HISTÓRIA
Pela manhã, o Brandt havia me perguntado pelo Whats uma informação, pois viria a Dois Irmãos a tarde, então, quando houve o acidente e chegou até nós o tipo de veículo e o sobrenome, “caiu a ficha”. Mas, a gente sempre tem um fio de esperança: ‘ah, não pode ser!’ Mas era!
Há algum tempo, quando o coral Santa Cecília seria homenageado na Câmara, o Brandt também perguntou-me “como funcionava” e se ele poderia vir assistir a apresentação no Legislativo. Enfim, como um baita profissional e também apreciador dos corais, vestia a camiseta e nos representava em qualquer baile ou festa que tivesse no interior de Nova, Gramado e Teewald. Por isso, era muito conhecido. E, como é típico da região, quando alguém se torna conhecido, vem o convite para a política. Então, ele concorreu a vereador pelo mesmo partido do também pinhalense, deputado Elton Weber.
Em setembro, ele começou a querer me arrastar para a Festa do Leitão da Linha Imperial. Eu não pude ir, e agora a gente fica pensando… Passei todos os contatos dos colunistas do Diário e ele ligou de um por um para convidar para a festa, onde ninguém pagaria nada, mas queriam todos lá.
Mas, a história que fica do Brandt foi uma visita que ele fez aqui em Dois Irmãos, tão logo a pandemia “esfriou”. Ainda era época de usar máscara e ele apareceu aqui assim que a patrulha das máscaras deu uma aliviada’ e justamente por conta de um comentário de 3 ou 4 linhas que eu tinha feito há uns meses antes. Sabe aquelas curiosidades que a gente coloca só para fechar espaço? Foi um destes que ‘pegou’ o Brandt: na época, eu tinha escrito que todos os jornalistas e entrevistados que estavam ‘trancados’ em casa, quando davam entrevista para a TV, apareciam em frente a uma estante de livros. Então, escrevi que eu queria saber quantos porcento daqueles livros cada pessoa tinha lido ou se era “somente para parecer ‘inteligente’”. Pois este comentário marcou o Brandt e ele fez questão de vir aqui: disse que não conseguia mais assistir um jornal com estante de livros sem lembrar da coluna e começou a contar dali para a frente quantos apareciam nos telejornais na frente das estantes de livros.
Enfim, uma boa pessoa, participativa, que conhecia todo mundo e que gostava de prosear, ou seja, um típico morador da nossa região. Ide em paz, Brandt, do seu jeito, fizeste história. E, como dizia a Legião, “os bons morrem jovens”. Sentimentos à família!