Bandeira vermelha é uma injustiça com Nova Petrópolis; o que fazer?

Estou entre aqueles que consideram uma injustiça Nova Petrópolis estar com a bandeira vermelha. Nosso município não colaborou para o agravamento dos números. Sexta-feira tínhamos nove pessoas em monitoramento e isoladas em suas casas. Os quatro casos positivos são de um período superior a 14 dias e estão curados. Ninguém de Nova Petrópolis está sequer hospitalizado, muito menos em UTI. A situação aqui está sob controle e isso é o resultado de muito empenho, principalmente dos comerciantes, que se esforçam diariamente para conseguir atender o público sem abrir mão dos cuidados e restrições exigidos. Certamente há pontos a melhorar no município, mas o castigo é desproporcional.

REGRAS E CRITÉRIOS
Lá no início da pandemia esta coluna defendia que fossem estabelecidos critérios claros e objetivos para a tomada de decisões. Se não haveria prefeitos fechando ou abrindo o comércio conforme o seu bom ou mau humor. O sistema de bandeiras veio com a ideia do regramento. Quando os indicadores do coronavírus apontam para cima, é preciso fazer restrições à circulação de pessoas. Havendo uma meta objetiva a ser alcançada para a reabertura da economia e demais setores, as pessoas tendem a colaborar muito mais. No sistema de bandeiras, uma desses indicadores é a ocupação de leitos de UTI, que está em alta na região. O brabo é que não há muito que as pessoas de Nova Petrópolis possam fazer para colaborar. Podemos, isso sim, evitar o agravamento. Mas só. Hoje, a liberação de UTIs da região de Caxias do Sul não depende de Nova Petrópolis.

DIA DE MUITA DE PRESSÃO
Por isso, concordo com as razões que estão levando as autoridades da Região das Hortênsias a pressionarem o governador em busca de um ajuste na classificação. Lelo e outros querem que os seus municípios fiquem na bandeira laranja. Ações nesse sentido estão previstas para o dia de hoje. E olha que a pressão vai ser grande. A Acinp publicou uma nota de repúdio e, como ela, há diversas entidades se mobilizando. E não é só na Região das Hortênsias. Para dar um exemplo, Bento Gonçalves, que está numa situação mais grave que Nova Petrópolis, está questionando a bandeira vermelha. Por outro lado, é muito complicado o governador voltar atrás ou abrir exceções. E eu sinceramente duvido que ele o faça. Se aceitar a pressão dos municípios, o sistema de regiões e bandeiras estará condenado. No mínimo, terá que ser completamente revisto. E mesmo assim poderá perder a eficiência. Dificilmente algum prefeito aceitará ficar na bandeira vermelha dali em diante. Por outro lado, se o governo não ceder, há um risco considerável de desobediência civil. O número de pessoas revoltadas é muito alto. Pessoas que até então estavam em silêncio, agora estão se manifestando. O recado é claro.

NÃO É LOCKDOWN
Por outro lado, é demagogia pura falar que Nova Petrópolis está entrando em “lockdown” (confinamento e fechamento total). Motivadas pela eleição que se aproxima, algumas pessoas estão usando a sua influência nas redes sociais para propagar essa falsidade, o que só atrapalha a coletividade. É preciso lembrar que depois da bandeira vermelha ainda existe a preta, e mesmo ela não chega ao extremo de um lockdown.

Por Francis Jonas Limberger
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