Coluna Nova Petrópolis

Considerações sobre a economia de Nova Petrópolis antes da crise do corona

27/03/2020 - 11h03min

Considerações sobre a economia de Nova Petrópolis antes da crise do corona
Francis Jonas Limberger

Qual será o impacto da crise do coronavírus em Nova Petrópolis? Dias atrás um conhecido empresário da cidade fez uma postagem em redes sociais falando que passaremos à inédita situação de desemprego. A esta previsão, eu gostaria de acrescentar uma informação que a coluna trouxe no final de janeiro: a cidade já teve saldo negativo de empregos em 2019 (menos 132), em 2018 (menos 149), em 2017 (menos 91) e em 2016 (menos 102). Depois de 2015, Nova Petrópolis perdeu 474 vagas de trabalho formal, conforme números oficiais do governo. Ou a cidade vem avançando na informalidade e no trabalho autônomo (MEIs, etc), ou um cenário de desemprego já vem sendo construído a mais tempo.

NATAL
Em 2019 tivemos o desastre do Natal e as suas consequências sobre a economia local. Mas você sabia que em dezembro o número de carros passando pela cidade em direção a Gramado foi praticamente igual a 2018? Isso mesmo. A EGR finalmente atualizou os números do pedágio e eles nos dizem que em dezembro do ano passado foram 181.496 carros (de passeio e utilitários de duas rodas) passando pelo pedágio da ERS-235. Em dezembro de 2018 foram 183.270. Já na ERS-115, em Três Coroas, passaram 243.125 carros no final de 2019 e 245.052 no final de 2018. Uma pequena baixa nos dois lugares, sem mudança na divisão. Resta saber se esse movimento foi aproveitado e convertido em consumo em Nova Petrópolis.

ESTACIONAMENTO
Em sua necessidade de chamar a atenção, o Christian Wagner insinua que a cidade já estava em um princípio de crise por causa do estacionamento rotativo. Segundo ele, vários estabelecimentos já fecharam em função da cobrança. Curioso é que existem diversos empresários que defendem o sistema. Será que eles estavam rasgando dinheiro? É possível sim que alguns estabelecimentos tenham fechado recentemente. Mas desconfio que as causas estejam acima do estacionamento rotativo pago. Posso citar dois estabelecimentos ligados ao turismo, que ficam bem longe das zonas azul e verde e que registraram baixas significativas de público a partir da última semana de janeiro. Não se trata apenas da baixa considerada normal para essa época. Houve uma piora evidente na comparação com o mesmo período de 2019. E essa é uma situação que não tem nada a ver com os parquímetros, pois eles dependem basicamente dos grupos que chegam em vans e ônibus, cujo fluxo tem sofre pouca interferência da cobrança.

RECORDES
Mais um dado para diminuir o peso do estacionamento rotativo na situação econômica da cidade até o início da pandemia. Agora de um estabelecimento turístico situado dentro da área de cobrança: o Parque Aldeia do Imigrante. São informações também já apontadas aqui na coluna: em dezembro, já com os parquímetros, o parque bateu recorde de público em um único dia desde o início da concessão, em abril de 2018. Foram mais de 1.500 pessoas. Depois, no dia 12 de janeiro, quando houve a festa dos 35 anos, o parque bateu recorde de faturamento. Aí alguém como o Christian dirá: tudo bem, mas poderia ter sido ainda melhor, pois o turista X não parou no parque por causa da cobrança do estacionamento. E eu lhe responderei: o turista X nunca parou no parque, pois antes ele não achava lugar para estacionar.

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