Coluna Nova Petrópolis

Fazer carreata contra a quarentena: certo ou errado?

01/04/2020 - 11h34min

Fazer carreata contra a quarentena: certo ou errado?
Francis Jonas Limberger

Existe uma linha muito tênue entre um ato de protesto contra a quarentena e um ato de incentivo para que as demais pessoas saiam de casa. No caso, falo da carreata que aconteceu em Nova Petrópolis na noite de sexta-feira. Estou entre aqueles que acham que a carreata foi um mero exercício do direito que cada um tem de se manifestar, contra ou à favor do que quer que seja. Mas há quem tenha considerado a carreata como uma ação de incentivo à desobediência. Enfim, cada um pensa o que quiser. A quarentena não nos tirou a liberdade.

CARREATA OU PASSEATA
Para desafiar os participantes das carreatas, surgiu um questionamento comum em muitas cidades: se acham que o comércio pode mesmo reabrir e que o vírus não é tão perigoso, porque não fizeram uma passeata (manifestação a pé), ao invés da carreata? A resposta me parece meio óbvia: porque a aglomeração de pessoas está proibida… Mas, novamente, cada um pensa o que quiser.

EMPRESAS NA CARREATA
Como constou na coluna da segunda-feira, eu contei da janela da minha casa o número de veículos que participaram da carreata: 79, sendo uns 25 caminhões. Alguns destes caminhões são de empresas e estavam identificados com suas marcas. Escrevi isso em uma rede social e dezenas de pessoas entraram em contato comigo querendo saber que empresas eram essas. Para quem me perguntou, eu respondi os três nomes que lembrava. Afinal, quem resolveu ir à carreata estava ciente da exposição que isto lhe traria.

DESOBEDIÊNCIA
Uma coisa bem diferente, na minha opinião, é espalhar mensagens incentivando as pessoas a voltarem ao trabalho em datas que contrariam os decretos de calamidade pública. Você pode discordar frontalmente dos decretos e acho que pode até expor sua contrariedade em uma carretada junto com outras pessoas que pensam igual. Mas jamais poderá incentivar a desobediência da lei. Os decretos representam a lei e precisam ser obedecidos. Fiquei sabendo que algumas figuras bem conhecidas da cidade andaram espalhando mensagens pedindo que as pessoas voltem a trabalhar já nesta semana. Obviamente há pretensões políticas por trás disso. E eu também soube que as autoridades municipais estão cientes destes movimentos e que estão avaliando as medidas judiciais que podem ser tomadas contra os autores das mensagens.

IRRESPONSABILIDADE
Assim como as motoqueiros que correm na BR-116, quem envia este tipo de mensagem está cometendo uma grande irresponsabilidade. Além de contrariar as recomendações das autoridades de saúde, podendo agravar a pandemia, essas pessoas criam armadilhas para os destinatários de suas mensagens. O comerciante que abrir sua loja fora dos prazos estabelecidos pelos decretos corre sério risco de ser autuado pelos fiscais da Prefeitura e também pela polícia, como já aconteceu em diversas cidades da redondeza.

PORTAS FECHADAS
Eu sei que é mais fácil falar em portas fechadas quando não se é dono de um comércio. Mas num momento como este, precisamos preservar a lei e a ordem. Se cada um começar a agir por conta própria, a situação pode se agravar ainda mais.

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