Coluna Nova Petrópolis
Nova Petrópolis: carro popular, vai aumentar, juros de agiota e sem explicação
Raul Petry – colunistas@odiario.net
CARRO POPULAR I
Até pouco tempo atrás você podia comprar um carro popular com R$ 30 mil. Agora já custa um tanto mais. Em todo caso, a figura do carro popular é emblemática para se falar dos juros que Nova Petrópolis pagará nos próximos 10 anos, por causa do empréstimo feito pela Prefeitura em 2020. O contrato é de R$ 14 milhões, mas até agora só a metade foi usada. O resto está lá, disponível. Do valor que já foi usado, resultou um juro mensal de R$ 32 mil, que a Prefeitura já começou a pagar. Quase um carro popular por mês, só em juros. É dose para matar elefante!
CARRO POPULAR II
Quando este assunto do empréstimo estava na Câmara de Vereadores, os arquivos do Diário foram vasculhados e encontramos uma notícia da época do governo Lui. Naquela época o prefeito Lui queria fazer um empréstimo de R$ 1.200.000,00 para comprar máquinas novas. Freitas já era vereador e foi contra porque, fazendo as contas, constatou que o valor dos juros daquele empréstimo seria suficiente para comprar dois carros novos. Vejam a diferença. Agora é quase um carro novo por mês em juros, e Freitas não enxergou qualquer problema.
E VAI AUMENTAR
É sempre bom lembrar que nos próximos meses este valor de R$ 32 mil em juros irá aumentar consideravelmente. Isso porque a Prefeitura ainda irá utilizar uns R$ 3 milhões do empréstimo para terminar as obras já iniciadas. O juro mensal deve ir para uns R$ 45 mil. Aí sim, a comparação poderá ser com um belo automóvel 0 km. Um por mês.
JUROS DE AGIOTA
A Caixa cometou um abuso com o município de Nova Petrópolis ao praticar estes juros do empréstimo. A explicação dada pelo atual secretário da Fazenda, Jorge Loesch, é certeira: o empréstimo é um negócio que não traz risco nenhum para a Caixa. Isso porque as garantias dadas pela Prefeitura são os repasses do FPM. Se porventura o município não tiver dinheiro para pagar umas das prestações, a Caixa vai lá e sequestra o repasse do FPM de Nova Petrópolis naquele mês. O FPM é dinheiro que vem do governo federal e é garantido. Ou seja, risco zero para a Caixa. É quase um empréstimo consignado. Não tem explicações para esse juro de agiota.
SEM EXPLICAÇÃO
Mas o que realmente não tem explicação é a decisão de Lelo de pegar dinheiro emprestado, quando tinha o mesmo valor em caixa. Essa é a mais difícil de engolir. Uma coisa foi a contratação do empréstimo, que gerou polêmica na Câmara e tudo mais. Ali o governo se valeu da maioria e conseguiu o que queria. Mas isso tudo foi uma formalidade. A assinatura do contrato não fez do município um devedor. A dívida só passou a existir quando o dinheiro começou a ser usado. Isso lá por agosto, setembro, outubro de 2020… Época em que a Prefeitura já tinha alguns milhões em caixa. Será que em seus negócios particulares Lelo também teria preferido pagar juros e se endividar? Claro que não! É realmente difícil de entender como alguém pode pagar juros de agiota quando está sentado em cima do dinheiro.