Coluna Nova Petrópolis
Nova Petrópolis: é fantástico, a justiça dos homens, eleições de 2018
Raul Petry – colunistas@odiario.net
É FANTÁSTICO
Pelo que se viu no programa “Fantástico” do último domingo, dia 14, o deputado estadual Ruy Irigaray (PSL) encontra-se em maus lençóis. Entre outros, ele é acusado de empregar assessores na reforma da casa de sua família e também como babás de seus filhos. Evidentemente agora este senhor terá a oportunidade de se defender perante os meios competentes, como o Ministério Público, a Polícia e a própria Assembléia Legislativa. Este último órgão é formado por colegas do acusado e dele sempre se espera menos em termos de justiça. Mas e a “justiça dos homens”?
A JUSTIÇA DOS HOMENS
Em casos como este, a “justiça dos homens” pertence aos eleitores. Em Nova Petrópolis, o Fantástico do dia 14 trouxe um interesse especial para 472 eleitores, que votaram em Ruy Irigaray na eleição de 2018. Este número fez dele o terceiro candidato mais votado do município, atrás do Elton Weber (PSB), candidato da casa que recebeu 4.227 votos (35% do total), e de Vinicius Ribeiro (PDT), que fez 538 votos em Nova Petrópolis, mas não se elegeu deputado. Ruy Irigaray deve explicações à toda sociedade gaúcha, mas especialmente aos seus eleitores.
ELEIÇÃO DE 2018
Ruy Irigaray e tantos outros elegeram-se em 2018 com a promessa da mudança. Fizeram-no em cima de uma base muito fraca, que eram os 14 anos de governo do PT. Denúncias como a do último domingo mostram que a mudança prometida não é tão simples assim. O próprio governo Bolsonaro, embora não tenha escândalos clamorosos de corrupção até o momento, comporta-se igual aos antecessores petistas em diversos aspectos. À favor dos apoiadores do atual presidente, o fato de que ainda lhe restam quase dois anos de governo. É tempo suficiente para se diferenciar.
RACHADINHA
Ruy Irigaray também é acusado de “rachadinha”, prática na qual os assessores de um parlamentar dão parte do seu salário a ele. É uma espécie de compensação pela boquinha (emprego) que ganharam. É dinheiro público sendo embolsado na mais clássica modalidade de corrupção. No Brasil, o instituto da rachadinha ganhou notoriedade com as acusações contra o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (Republicanos). Mas a prática é tão antiga quanto o próprio cargo de assessor parlamentar. Existem partidos políticos, que gostam de apontar os dedos para os outros, mas que têm a rachadinha formalizada em seus estatutos. Eles exigem a destinação de uma parte dos salários de seus assessores para o partido, e não para um deputado ou vereador. Só que para o contribuinte, isso não faz a menor diferença.
OUTRO TIPO DE RACHADINHA
Outro tipo de rachadinha bastante conhecido entre os políticos funciona assim: a mesma vaga de assessor parlamentar é prometida para dois cabos eleitorais. Aí um deles é nomeado, mas ele precisa dar parte do salário para aquele colega de partido que ficou desempregado. Eu acho que já tivemos casos do tipo aqui na região.
AS RAÍZES DESTE MAL
São duas: uma é que geralmente os assessores parlamentares ganham demais e, dessa forma, não se importam em dar parte do salário para o chefe, para o partido ou a terceiros. Outra razão é que geralmente são cargos desnecessários, em que o ocupante tem pouco ou nenhum trabalho a fazer. Em Nova Petrópolis, volta e meia aparece algum político querendo que cada vereador tenha o seu próprio assessor. Se cairmos na lábia desses caras, já sabemos onde isso irá parar.