Panela de Pressão
Ivoti: vazio, guarda, prejuízo, resultado e protocolo
Raul Petry – colunistas@odiario.net
VAZIO
Domingo de noite fiz questão de passar na frente do Pronto Atendimento de Ivoti e havia uma única pessoa no seu interior, nos dois lados do atendimento. Nas semanas anteriores, num final de noite de domingo, por volta das 19h45min, havia no mínimo 10 pessoas esperando atendimento. Literalmente domingo de noite não havia ninguém. Se isto é sinal de diminuição dos contágios da Covid-19 estamos no caminho certo. E na Emergência do Hospital São José também não havia muitas pessoas aguardando atendimento.
GUARDA
É claro que não podemos baixar a guarda. As pessoas têm que continuar a ter responsabilidade de usar máscara e se cuidar diante do inimigo invisível. E os governos também têm que fazer a sua parte, mudando por exemplo a legislação do atestado médico. Em protocolo firmado em março ou abril do ano passado, quando a pandemia estava no começo e ninguém conhecia praticamente nada a seu respeito, inventaram a história do atestado médico distribuído a rodo literalmente para Deus e todo mundo, metendo a conta no bolso dos empregadores e tirando o deles da reta.
PREJUÍZO
Não bastasse o prejuízo que as empresas tiveram com a pandemia em si e houve quebradeira generalizada, ainda tem a história do atestado médico. De novo: o sujeito vai no médico, alega dor de cabeça e diarreia ou dor nas costas, e o médico sai receitando 10 dias de isolamento. Não satisfeito com isso, pergunta quem convive com a pessoa. Podem ser 1, 2, 3 ou até mais pessoas, e o médico preenche outros tantos atestados quantos necessários, todos para 10 dias de isolamento. Basta o suposto pacientes dar os nomes das pessoas. O médico nem vê elas.
RESULTADO
A única coisa que o Poder Público fazia era o teste com uma ressalva: o resultado vinha 7 a 10 dias depois. Neste meio tempo todo mundo em casa. Vindo positivo, ok. O resultado vindo negativo, o sujeito voltava ao trabalho antes ou só depois do fim do atestado médico: aí tem dois problemas de imediato. A empresa pagava o salário do paciente que não tinha nada em caso de negativo e das pessoas que conviviam com ele também. E o Poder Público nunca fiscalizou nada para saber se as pessoas ficavam em casa. Na maioria dos casos os atestados não valiam nada porque as pessoas continuavam na rua. Aqui no Diário fizemos testes imediatamente para não esperar pelo resultado do Poder Público e 80% deles davam negativo e, assim, voltavam ao trabalho. Desta maneira era mais barato pagar teste particular do que pagar o salário do funcionário em casa.
PROTOCOLO
Este protocolo de mais de um ano continua vigorando até hoje e até hoje as empresas pagam a conta. São milhares de reais, milhões, gastos pelas empesas só aqui na região com salários de dias parados por atestado, pode-se chamar de falso. Se fosse por 14 horas digamos, e o Poder Público logo avisar os doentes que não tinham nada, e tudo estaria resolvido. Mas não, aqui mesmo no Diário tinha funcionário de atestado de 10 dias que voltou a trabalhar no segundo dia porque o teste deu negativo. 15 dias depois ligaram da Saúde perguntando como ela estava porque o resultado tinha vindo do Lacen negativo. Ela respondeu: “isso já estou sabendo há mais de 12 dias”. Coisas do Brasil varonil!