Coluna Dois Irmãos
Começo de Conversa
SOFRIDO
Ontem de meio-dia, passei em um ponto de ônibus e vi duas mulheres comendo um pastel com um suco ou água em uma garrafinha, esperando o ônibus para retornar ao trabalho no turno da tarde. Certamente, aproveitaram a folga do almoço para pagar algumas contas ou fazer compras, para, então, voltar correndo ao trabalho. E, talvez, aquele pastel foi o almoço delas, a reposição de forças para aguentar mais 6 horas de trabalho em pé. Fiquei pensando: imagina estas senhoras, todo este esforço, e agora ter, pela frente, um talagaço no IPTU. Se pagavam R$ 400 agora vão pagar R$ 800 ou até R$ 1 mil. Quanto esforço a mais a Prefeitura estará obrigando estas pessoas a terem? E, o pior, é que, se elas pagam aluguel, além de ter de pagar IPTU, certamente terão um aluguel mais alto ainda no ano que vem – por conta do reajuste do IPTU! Isso porque, em alguns casos, na hora de alugar a casa, a despesa do IPTU já está no contrato da imobiliária e cabe ao inquilino pagar. Exemplo? Aqui no Diário, casa do ano de 1915 alugada por nós, somos nós que pagamos o IPTU.
NÃO QUER CALAR
Onde estes R$ 400 a mais de IPTU fariam mais diferença: nos cofres da Prefeitura, administrado pela prefeita, ou na mesa destas famílias?
SENTI DÓ
Ao ver esta cena e fazer esta reflexão, quem não sentiria pena ou não ficaria tocado? No mesmo trajeto, passei próximo a uma empresa calçadista e vi algumas senhoras, estas já de certa idade (talvez prestes a começar a luta pela aposentadoria), fazendo um baita esforço, não sei se pelo calor da caminhada ou para não chegarem atrasadas ao trabalho após o almoço. E, novamente, me veio à cabeça o mesmo pensamento: quantos dias a mais estas pessoas vão ter que trabalhar para, dia 10 de março, entregar o dinheirinho de mão beijada para a Prefeitura, para a prefeita Tânia e seus secretários, decidirem o que fazer com ele?
CABIDE
– Será que é justo este governo pegar dinheiro de pessoas como estas, e criar cabide de emprego para os cabos eleitorais? Sinto pena destas pessoas, como sinto pena de quem tem dinheiro, tem bens, tem capital, pois, até prova em contrário, eles “têm” porque trabalharam, porque batalharam, porque se sacrificaram e não ficaram sentados no ar-condicionado de uma Prefeitura. Aí, estes, agora, são penalizados por terem trabalhado para conseguir mais bens e uma vida com mais conforto para sua família.
– Isso que aqui, felizmente, os políticos não rasgam dinheiro de forma tão descarada como em Brasília ou pelo Brasil afora…
– Mas, sinto pena de nós, brasileiros, extorquidos pelos governantes e seus impostos. E, em 2018, terá mais reajuste no IPTU, já aprovado na Câmara.
– Aí você vai para os EUA, ganha a nota fiscal no mercado ou um restaurante e está lá: gasto com produtos, 50 dólares; impostos 6%, total da nota fiscal é de 53 dólares. Só! Um único imposto é de 6% em média.
– Aqui no Brasil, você paga imposto 10 vezes sobre o mesmo produto, tanto que a gasolina sai da Petrobras a R$ 1,60 e nós pagamos R$ 4,30. No interior do RS, aliás, já está R$ 5,09. E, em todos os produtos, a carga tributária é assim mesmo! Somos uns trouxas mesmo em ralar o dia todo para sustentar os políticos.