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Ele não quer abrir mão de seus próprios privilégios

12/02/2019 - 11h00min

Atualizada em 12/02/2019 - 13h30min

Só se fala na Reforma da Previdência. Presumo que todo mundo sabe o que é. Para quem está em dúvida, a Reforma da Previdência é mudar o sistema de aposentadoria que está vigorando. Ele arrecada R$ 400 bilhões por ano e gasta R$ 700 bilhões. Prestem atenção, estamos falando de bilhões. Na Reforma da Previdência que Temer estava fazendo, cheguei a dizer para um presidente de Sindicato Rural da nossa região que era melhor ficar quieto, porque a grande virtude da reforma que então se esboçava era acabar com os privilégios. Como se sabe, o INSS e a pública são coisas completamente diferentes. Os funcionários públicos, aos olhos da Previdência, são seres de outro mundo. Eles não são iguais a nós, porque se aposentam com toda sorte de privilégios, não têm teto e acumulam o diabo até. Existem absurdos na previdência pública que você se sente mal ao escrever sobre isso. O ex-governador Sartori acaba de se aposentar ganhando para o resto da vida mais de R$ 30 mil só porque foi governador por 4 anos. Isto que já está aposentado como deputado. Tem explicação? Quando nós nos aposentamos, sempre ganhamos menos do que estamos ganhando na ativa. Os funcionários públicos, porque são seres de outro mundo, ganham, em média, 10 vezes mais. Pode?

VOLTANDO

O que eu disse para o presidente do Sindicato Rural, que não concordava com a idade mínima de 65 anos, que este era o problema menor. A idade de 65 anos está muito justa, ninguém pode se aposentar com idade inferior, nem os funcionários públicos. A virtude da Reforma de Temer foi justamente esta. “Aceita os 65 anos, desde que valha para todo mundo”. Nunca mais veremos alguém se aposentando com 45, 50 anos de idade, o que é um absurdo. A regra tem que ser igual para todo mundo. Esta tem que ser a nossa grande luta. Tornar os desiguais em iguais. Nada justifica que funcionário público, seja de que nível for, tenha um tratamento diferente do que nós. Os Sindicatos Rurais devem aproveitar a força que têm, para isto, exigir o tratamento igual para todos. Como não é mais possível continuar aposentando “jovens” com idade inferior, a luta tem que ser todos serem iguais perante a Lei, tal qual está escrito na Constituição. Lá está escrito que todos são iguais perante a Lei. No que tange a Previdência, não são. Todos os funcionários públicos não contribuem nem com 10% do que ganham como aposentados. A diferença de bilhões somos nós que pagamos. O dinheiro é tirado do caixa do governo – que nós botamos lá – e é usado para pagar R$ 20, 30 mil por mês para qualquer funcionário público. O rombo é monumental. Se isto não acabar, nunca mais teremos saúde, educação, segurança pública e obras do governo como merecemos e não temos hoje.

ATRAPALHANDO

Não pensem em levar vantagem. Pelo contrário, temos que acabar com os privilégios daqueles que estão do lado de lá. São eles que levam quase todo nosso dinheiro. Se dependesse da equipe econômica do governo, todos os privilégios acabariam já e o Brasil ia virar um país sério e próspero, o que não é hoje. Por incrível que pareça, quem está atrapalhando é o próprio presidente da República. Ele é funcionário público e não quer abrir mão de seus próprios privilégios.

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