Colunistas
Em último vem a população
Um prefeito teve um pedido de impeachment solicitado pela Câmara de Vereadores num município vizinho por dois motivos bastante precários, mas que até justificam. O erro está não no pedido de impeachment, mas na própria lei e não na sua interpretação. O motivo alegado é o fato do prefeito não repassar 7% da receita do município para o Câmara de Vereadores. Outro motivo alegado é o fato do Tribunal de Contas apontar que a Prefeitura gastaria 60% da receita com a folha de pagamento. São fatos incontestáveis, bem como também são fatos incontestáveis o oportunismo dos vereadores para tentar cassá-lo. Como o vice do prefeito é vereador e o primeiro na linha de sucessão, um pouco do pedido de impeachment vem daí. O vereador que é vice assume. A tentação é grande.
FEITIÇO
Não é o fim da picada o fato dos vereadores solicitarem o pedido de impeachment, o que é do seu direito. Aqui em Ivoti, Arnaldo estava para ser cassado por um pedido de impeachment feito por um fiscal da Prefeitura. O pedido estava muito bem embasado e Arnaldo só não foi cassado por causa da má vontade dos vereadores da época. Ninguém não queria nada com nada e a própria prefeita não se interessou o suficiente para levar a efeito a cassação. Aí perderam prazos e fizeram tudo errado e Arnaldo ficou no cargo. Depois ele se vingou e liderou a cassação da própria Maria.
LEI ERRADA
No município vizinho os vereadores querem que o prefeito repasse 7% da receita para a Câmara. É o que garante a lei. Já bati aqui nesta tecla há muito tempo sobre os 7%. A Saúde de toda a população recebe segundo a lei 15%. E a Câmara 7%. Notem a diferença entre uma coisa e outra. 9 vereadores, que se reúnem uma vez por semana por uma hora tem direito a metade do dinheiro que tem que ser destinado para a saúde de toda a população. Este talvez seja o maior absurdo desse país de tantas coisas erradas. Os vereadores são supervalorizados, enquanto a saúde de toda a população é jogada na lata do lixo. Estes são os nossos legisladores.
PROBLEMA MAIOR
<10>O maior problema é que os vereadores não conseguem gastar todo esse dinheiro. Por isso a maioria dos prefeitos nem repassa os 7%. A Câmara, com muito esforço, gasta uns 2% porque não tem onde gastar mais. Mas em Lindolfo Collor eles exigem 7%. Como não tem onde gastar todo o dinheiro fica depositado num banco e no fim do ano eles tem que devolver ele para a Prefeitura. Durante o ano o dinheiro falta para investir em saúde, educação, estradas, seja onde for. E Lindolfo Collor tem muitas coisas precárias onde o dinheiro seria benvindo. Mas não. Os vereadores ficam com o dinheiro parado o ano todo e não tem nem onde gastar porque esta não é a sua função. Perguntem hoje qual é o saldo no banco da Câmara de Vereadores. E não é nenhum mérito deles. Pelo contrário, é um demérito, pois tiram o dinheiro da própria população, que muito precisa dele. Será que o Brasil tem jeito. Não aparece um deputado federal liderar uma mudança neste absurdo, que é o percentual a que eles tem direito, completamente fora da realidade. Donde se conclui que para os políticos eles sempre estão em primeiro lugar. Em segundo e último vem a população.