Colunistas
Estão roubando de tudo, até aipim na roça!
ROUBALHEIRA
Neste país se rouba de tudo e em qualquer lugar. Há anos os assaltantes não se aventuravam para o interior. Eles se limitavam a assaltar nas cidades onde moravam. As dificuldades de estradas e locomoção ajudavam os moradores do interior a mantê-los longe. Agora, se observa um fenômeno contrário. Os assaltantes não se limitam mais à cidade. Eles estão indo roubar e assaltar no interior, nas pequenas cidades e na zona rural mesmo. Quando não é abigeato, roubam outra coisa. É só pegar o Diário e ver as notícias de polícia. Rouba-se até os xis do motoboy. Rouba-se as coisas mais bizarras. De vez em quando, um ladrão se arrepende e devolve o dinheiro para a vítima. No Rio de Janeiro, são famosos os arrastões de praia. Hordas de ladrões invadem as areias das praias mais famosas e fazem uma limpa como alguém que passa uma tarrafa para pegar peixe. O Brasil virou o país dos ladrões. Virar o país dos ladrões acontece, embora espante e o brasileiro de bem não se conforma. O que não pode acontecer são nossas autoridades não fazerem nada para combater a anomalia. Eles ficam contemplando tudo de longe e a desculpa é sempre a mesma: não tem dinheiro. Tem dinheiro, fica todo dentro do casulo onde vive o Estado e seus apaniguados. Para proteger a sociedade não tem.
AIPIM
Reparem a situação de Hortêncio. Tinha um tempo em que roubavam e carneavam o gado. Agora, estão roubando aipim direto nas roças. Os agricultores plantam de dia e os ladrões vão lá e roubam de noite. No meio disto tudo, de vez em quando, assaltam um banco. O que virou este país? Enquanto isto, temos menos da metade dos policiais que tínhamos há 30 anos. A população cresce, dobra de tamanho e a polícia diminui para menos da metade. Municípios onde tinham 10 brigadianos hoje tem no máximo de dois a quatro. Na Assembleia, onde moram os grandes responsáveis por tudo isso, ninguém fala nada. Os culpados somos todos nós. Quando aparecem os deputados para pedir votos ou agora para participar do palanque na abertura da Festa do Aipim, ficamos dando tapinhas nas costas deles. Ou tapões como é hábito entre os políticos. Em vez disso, tínhamos que dar uns cascudos nestes caras e correr com eles de Hortêncio e todos os municípios onde aparecem. Aí, de repente, iam acordar.
RESPONSÁVEIS
É claro que os governadores têm grande responsabilidade pela desgraça deste Estado. Mas responsabilidade igual tem os deputados estaduais. Talvez até mais. Muitas vezes, os governadores querem tomar uma medida para sanear o Estado e a Assembleia não deixa. São estes mesmos caras que aparecem de vez em quando aqui nos municípios e são recebidos como deuses. Como assim? Desgraçam a nossa vida e os tratamos como heróis? Desse jeito não temos do que reclamar. Agora mesmo o governador Sartori quis privatizar estatais falidas e que só tiram dinheiro da segurança, por exemplo, e os deputados não deixam. O pior de tudo é que grande parte da população é a favor de continuar com as estatais, como se fossem patrimônio do Estado. Você já viu um patrimônio que não te dá retorno, só prejuízo? Isto é qualquer coisa menos patrimônio. São esses deputados que desgraçam o Estado. Tudo de ruim passa por eles, tem a assinatura deles. Vamos pegar o exemplo do Fixinha, por exemplo. Tá lá mais de 20 anos. É gente boa, é simpático e até trabalhador. Mas quantas vezes ele votou a favor de privilégios de funcionários públicos que foram ao longo do tempo afundando cada vez mais o Estado? Ele faz coisa pior. De vez em quando, “encosta” aqui um cabo eleitoral para trabalhar na Câmara de Vereadores. Nossos políticos daqui são iguais. Aceitam com o maior grado, são capazes de ir lá e pedir. Fixinha é baixinho, não deve pesar muito. Mas carregando ele nas costas fica pesado mesmo assim. Só peguei ele como exemplo, mas serve para todos eles. É tudo farinha do mesmo saco. Nosso sistema político está falido e nós falimos com ele.