Colunistas
Mamar a vida inteira no nosso bolso
Estes comentários sobre o Japão devido à viagem do prefeito numa comitiva a convite do governo japonês estão ficando chatos. No entanto, acho conveniente dar mais algumas pinceladas sobre o choque de governança que o prefeito encontrará por lá. Não sei não, quando ele voltar se não pensa em pedir demissão do cargo de prefeito pela vergonha que é nosso país no que tange aos serviços públicos. O choque será grande. Depois de ver como funciona um país sério, de primeiro mundo, onde os políticos se matam quando são apanhados em ato de corrupção, um prefeito que não está com suas faculdades mentais em ordem é capaz de pedir o boné. Sair de uma bagunça como a nossa e topar de cara com uma cultura de governança de primeiro mundo é um choque. Tem que estar bem preparado para encarar um choque como esse.
SEM EXPLICAÇÃO
No Japão Martin não vai explicar como funciona aqui a construção de um posto de saúde, onde uma parte do dinheiro sai daqui e vai para Brasília e Porto Alegre primeiro. Só depois volta uma insignificância para a Prefeitura. O governo federal manda construir um posto de saúde e paga 80%. A Prefeitura paga os outros 20%. Quando é uma escola é pior ainda. O dinheiro também vem de Brasília ou até de Porto Alegre, mas de 5 fontes diferentes. No fundo é todo dinheiro que saiu daqui e quando pagamos impostos vai primeiro para Brasília e Porto Alegre. Uma pequena parte (15%) volta para cá. É difícil escrever isso explicando para os leigos, imagina explicar para os japoneses. Jamais vai entrar na cabeça deles o passeio do dinheiro. Uma escola, uma creche e um posto de saúde são pagos com dinheiro federal. Federal nada, é dinheiro gerado aqui e que sai daqui para Brasília. Um pouco vem através de uma obra ou outra.
NÃO ENTRA
Como explicar para um japonês que 60% dos impostos arrecadados no país vão para Brasília e lá o dinheiro fica. Uma única cidade concentra toda esta montanha de dinheiro, mais precisamente R$ 1,600 trilhão. Este dinheiro entregamos nas mãos de nossos políticos para eles fazerem a festa. O japonês não vai entender isso. Por que o município só fica com 15% se tudo acontece no município? Chegamos ao ponto dos municípios não conseguirem mais fazer obra alguma. Tudo que é feito vem das sobras de Brasília. Escola Aroni Mossmann na Cidade Nova, Posto de Saúde do bairro Concórdia, creche do Bom Pastor, tudo obras com dinheiro nosso que foi “indevidamente” para Brasília.
BURACOS
Andando pelo Japão, Martin e comitiva não encontrarão um único buraco ou outro problema qualquer nas ruas e estradas daquele país. Duvido que acharão um único buraco, nem se olharem com uma lupa. Asfalto de primeira qualidade, tudo perfeito. Quanto à sinalização nem se fala. Ela é perfeita. Isso a gente sabe, não precisa ter ido lá para ver in loco. A única diferença do Brasil para o Japão é que lá ninguém rouba e ninguém emprega um único funcionário público que não seja necessário. Aqui temos que sustentar milhões de parasitas, párias, que só tiveram uma missão na vida quando nasceram: mamar por toda a vida no nosso bolso.