Colunistas

Não faz sentido

10/07/2019 - 11h16min

Em abril Bolsonaro prometeu que ia acabar com a placa do Mercosul. Não acabou. Ele podia explicar porque não cumpriu com a promessa. Todos nós votamos nele e confiamos nele. Mas o problema é os milhões de placas que já circulam. Há meses tenho dito aqui que a pressa para lançar a placa cheirava mal. Agora no dia 4 de julho o presidente Bolsonaro apareceu na imprensa para anunciar que a placa do Mercosul não mudará para decepção daqueles como eu que acham a placa esdrúxula, um verdadeiro atentado ao bom senso, para não dizer coisa pior. Sem dúvida, muita gente está mamando de novo no nosso bolso. Eles sempre acham um jeito de meter a mão no nosso bolso. Eu tinha esperança de que Bolsonaro acabaria de fato com a placa do Mercosul. No dia 28 de junho esta esperança ruiu. É que o Contran, que toma as decisões com relação a questões de veículos a nível nacional, decidiu manter a placa do Mercosul e o ministro da Infraestrutura saiu em sua defesa.

EXPLICAÇÕES

As nossas autoridades chegam a anunciar como uma vantagem da nova placa o fato de podermos circular pelo Uruguai, Paraguai e Argentina como se estivéssemos no Brasil. Será que 0,1% da população visita estes países? Primeira explicação cai por terra. A segunda seria o fato de a placa pertencer ao motorista mesmo que ele se transfira de cidade. Outra explicação que não é vantajem alguma. Menos de 1% da população trocam de cidade. As demais vivem na mesma cidade a vida inteira ou quase a vida inteira. Também cai por terra. Uma terceira vantagem seria o fato da placa durar mais por suportar um total de 450 milhões de combinações. Portanto, duraria por muitas décadas. Para que o mesmo acontecesse bastaria incluir umas letras na placa atual que as combinações gerariam as mesmas 450 milhões de combinações sem tirar o nome da cidade e o Estado.

PEGADINHA

Uma coisa boa o governo Bolsonaro fez com as novas placas. Vejam só. Elas tinham um tal de “elemento gráfico” patenteado por empresas que tinham o direito de receber uma espécie de royalty para cada placa vendida. Ou seja, no preço da placa estava embutido o valor a ser pago para remunerar o dono da patente do “elemento gráfico”. É como no caso dos remédios. Se alguém vender um remédio que tem patente, tem que pagar um valor pela licença para a empresa que patenteou o remédio. Agora isto acontecer com placa de carro é dose pra elefante. O ministro da Infraestrutura disse que eliminaram o “elemento gráfico”, o que vai baratear a placa. Mais: ele explicou que não tem mais reserva de mercado para os estampadores de placas, aquelas empresas que recebiam a permissão para fabricá-las. Agora haverá livre mercado, pode fabricar as placas quem quiser. Só por isso o valor da placa já vai baixar mais um outro tanto. É impressionante o que fazem para nos roubar dinheiro. Patentearam as novas placas do Mercosul. Só por isso já tinham que ser eliminadas e continuar o sistema antigo com a introdução das tecnologias que a nova placa tem. Bolsonaro, por favor, acabe com esta placa ridícula, onde, em vez da cidade, está escrito Brasil. Não faz sentido.

Copyright© 2020 - Grupo o Diário