Colunistas
Não vou discutir aqui o mérito da cassação do prefeito de Lindolfo Collor, Willian Winck
O que tem que se discutir é a facilidade com que isto acontece. A lei do impeachment dá um prazo de 90 dias para formalizar o processo de cassação de um chefe do Executivo. Ou seja, no máximo 90 dias, mas pode ser menos ainda. A maioria dos prefeitos não fazem nem ideia de que estão literalmente na mão da Câmara de Vereadores. Os mais espertos cuidam de manter uma folgada maioria, mesmo que à custa do toma-lá-dá-cá para não correr o risco de ser cassado. Os próprios vereadores, se sabem que não vão levar por causa da votação final na Câmara já não se encorajam para entrar com um pedido de impeachment. Para início de conversa, ele tem que ser aceito pelo presidente da Casa. Lembram-se quando Dilma foi cassada. Tinha dezenas de pedidos de impeachment na mesa do presidente do Congresso e ele só aceitou um depois que o PT afrontou Cunha. O que aconteceu em Lindolfo Collor foi diferente, mas parecido. Willian demitiu a secretária da Educação, do PT, alegando que ela estava usando o cargo para fazer campanha política. Ele tinha quatro vereadores incluindo os dois do PT. Aí perdeu os dois do PT e passou a ser uma presa fácil para a Câmara. Como gastou mais com a folha do que o permitido por lei e não repassou o valor obrigado por lei para a própria Câmara Municipal, foi fácil transformar a presa em vítima. Ainda mais levando em consideração que o seu vice seria o maior beneficiado no caso de uma cassação. Na prática Willian tirou o PT da Secretaria da Educação e, em troca, entregou a Prefeitura para o próprio PT, que era o seu vice.
JOVEM
Ele é jovem e tem tempo para continuar sua carreira política, mesmo porque a sua cassação não se deu por falta grave. Tivesse roubado ou cometido corrupção e a coisa seria diferente. No entanto, os dois deslizes, vamos dizer assim, foram o suficiente para cassá-lo. O que fica demonstrado aqui é como se faz o jogo político. Por estas e por outras muitas pessoas não querem mais saber de política e preferem ficar longe. A política é um jogo de interesses e quem não se presta para isto tem que mesmo ficar longe.
NÃO ACHA
Aqui em Ivoti Martin não sabe se vai concorrer a reeleição e a prefeita que o antecedeu não acha um candidato com os melhores predicados para concorrer. Eles estão escasseando, assim como os próprios candidatos a vereadore. Há anos tinha muito mais candidatos concorrendo para vereador do que hoje. Depois tem a legislação no Brasil, que é um caso à parte. É impossível um prefeito saber na prática todas as regras que tem que obedecer. O emaranhado de leis é uma coisa quase inconcebível. Se um empresário acha que está tendo muita despesa na sua empresa, ele vai lá e corta o que acha necessário. Com um prefeito o papo já é outro. Ele não consegue cortar despesas e o que está do seu alcance é tão pouco que não vale a pena. Na educação, por exemplo, a maior pasta, tem que ser gasto 25% da receita. Mas criaram tantas leis que, por mais absurdas, tem que ser cumpridas, o que elevou o gasto para uma média de 35%. Algumas prefeituras gastam até 40%. Por mais que o prefeito tente gastar só os 25%, ele não consegue porque tem que cumprir a legislação da área. A vida dos prefeitos é quase que como estar perdido numa pequena ilha cercado de água por todos os lados. Não tem para onde correr.