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O povo fez a sua parte

05/11/2018 - 11h00min

O futuro ministro da Fazenda do governo recém eleito tem dito que o Estado brasileiro foi capturado pelo setor público. Para tanto os três poderes se uniram e montaram o truque perfeito. Capitaneados pelo Executivo, tendo à testa políticos que cedem a pressões, tudo foi muito mais fácil. O setor privado não se organizou e deixou a brecha aberta para o setor público, muito mais organizado, capturar todo o aparelho do Estado. Assim tudo começou no Poder Executivo. O Legislativo se encarregou de fazer as leis e o Poder Judiciário se encarregou de garantir a captura. De pressão em pressão, de avanço em avanço, nos últimos 30 anos não sobrou mais quase nada para o setor privado. Daí a explicação para as dificuldades de se governar, que residem no fato de que 91% da receita são despesas fixas que não se pode mexer. Só 9% ficou à disposição do País para fazer tudo que o País necessita. E se continuasse neste ritmo chegaríamos rapidamente a 99%. Portanto, todo e qualquer governo que assume não tem margem de manobra, está engessado e praticamente não governa.

LONGA DATA

Tudo começou com a Constituição de 1988. Ela foi feita sob medida para o setor público. Ali consta como cláusula pétrea uma série de vantagens que garantem a captura do Estado pelo setor público. A estabilidade no emprego é uma delas. Os diferentes regimes de previdência social é a outra. Hoje 10% dos aposentados do setor público ganham muito mais em valores de aposentadoria do que 90% dos aposentados do INSS. A média de aposentadoria do INSS não chega a R$ 2.000, enquanto que, no setor público, este valor pode-se multiplicar por 10. São privilégios e mais privilégios. A nós resta trabalhar e suar a camisa para pagar a conta. A situação ficou insustentável. Na década de 70 a carga tributária não passava de 20%. Hoje se situa em torno de 40%. Quanto mais os privilégios avançavam mais a carga tributária foi subindo.

AVISO

No ano de 2013 o povo foi às ruas e deu o primeiro aviso. Só mesmo a ação dos black blocs, que se infiltraram nas manifestações de junho daquele ano, acabaram com os protestos. Tudo começou com o aumento nas passagens de ônibus em São Paulo e as manifestações que reuniram centenas de milhares de pessoas e se espraiaram logo pelo Brasil inteiro.

SEGUNDO AVISO

O segundo aviso foi dado logo depois da eleição de Dilma em 2014. Quando a popularidade dela baixou a 8%, com a corrupção desenfreada e a economia parou de crescer, o povo foi para as ruas novamente e derrubou a presidente da Republica. Num único domingo 3,6 milhões de pessoas foram para as ruas de verde e amarelo. Dilma não resistiu e caiu.

TERCEIRO AVISO

O terceiro aviso foi dado pelos caminhoneiros em maio passado. Não suportando mais os custos para trabalhar, com a gasolina aumentando quase todos os dias, os caminhoneiros pararam literalmente o País. Mesmo contra a grande mídia, os caminhoneiros ganharam a simpatia do povo. Foi sofrido para todo mundo, mas o apoio foi quase que irrestrito. Logo os colonos se juntaram aos caminhoneiros e a população de um modo geral.

QUARTO AVISO

O quarto aviso de que o povo não aguenta mais e está cansado de injustiças e de sustentar os privilégios do setor público foi dado nas urnas. O povo fez uma revolução nas urnas mandando para casa muitos e elegendo aqueles nos quais acredita que realmente vão fazer as mudanças que o País precisa. Daí o bordão de que o Brasil acordou. Vamos ver se a partir de 1o de janeiro realmente os anseios do povo serão atendidos. O que tinha que ser feito o povo fez pacificamente. A palavra está agora com o novo governo e o Congresso Nacional.

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