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Quem é mais importante?

23/01/2019 - 11h00min

Atualizada em 30/01/2019 - 16h39min

Foi duro de aguentar andar pelas ruas e avenidas de Ivoti no caminhão durante o kerb. A buraqueira das ruas é grande e os caminhões às vezes balançavam mais do que montaria de cavalo xucro. A gente está acostumado porque anda pela cidade todos os dias e só por isso aceitamos este estado de coisas e passamos a achar até normal a buraqueira. No entanto, não é normal. Se você anda pelos Estados Unidos ou pela Alemanha, por exemplo, duvido que durante um mês inteiro encontre um único buraco ou defeito na pavimentação.

MÍNIMO

É que lá a corrupção é mínima, lá não tem estabilidade no emprego, lá não tem Justiça do Trabalho, lá ninguém se aposenta com menos de 65 anos, lá todos são tratados de forma igual e não têm privilegiados. O que adianta constar na Constituição que todos são iguais perante a lei se os que estão ao abrigo do INSS tem um tratamento e os funcionários públicos outro, como se uns fossem superiores aos outros. Seres de outro mundo por exemplo. Nós somos pessoas normais enquanto os funcionários públicos são seres de outro mundo. Não dá para generalizar, mas a coisa é por aí. Nós somos conhecidos como a maioria silenciosa, que na última eleição resolveu abrir a boca e elegeu um presidente para igualar a todos como tem que ser. A maioria silenciosa botou o voto na urna e deu o seu recado. Maioria silenciosa já diz tudo, é maioria. E a maioria vence como venceu.

SABEMOS TUDO

Nós sabemos que, para acabar com os buracos nas ruas, para termos um mínimo de saúde, para termos uma educação melhor, para não sermos mais assaltados todos os dias nas ruas, é preciso acabar com os privilégios da minoria. Era só o que faltava o presidente eleito não igualar todo mundo. Mas tem que igualar todo mundo mesmo. Ninguém é diferente de ninguém, ninguém é de outro mundo. Escravidão nunca mais. Hoje vivemos num regime de escravidão, onde alguns nascem em berço de ouro e são sustentados por nós até que morrem. Aliás, muito além disso, porque os privilégios continuam pós mortem, estendendo-se para filhos e netos, infinitamente. Recado mais claro que foi dado na última eleição não pode existir.

DISCURSO

O presidente se elegeu gastando quase nada, apenas prometendo tudo que a maioria silenciosa quis ouvir. O discurso do presidente soava como música ao nosso ouvido. Diminuir imposto, diminuir a violência, diminuir o tamanho do Estado demitindo vagabundos, incentivar empresas e vendendo estatais foi a música mais linda que já ouvimos. Só que até agora não se viu nada disso. Não sei o que fizeram de novembro até quase fevereiro. Os vagabundos continuam mamando nas tetas do poder público, as estatais continuam sugando nosso dinheiro dos impostos, enfim, tudo continua como estava antes. E os milicos contiuam dizendo que são seres de outro mundo, que não podem ser comparados com nós. Um pedreiro, que tem que aguentar o sol de 40 graus no lombo o dia todo nasce e morre pobre e trabalhando que nem um condenado. Afinal, o que acham que são os milicos para se considerarem tão diferentes que nós. Ah, eles estão lá para defender a pátria aguardando a hora de serem chamados e que não chega nunca. Se os colonos não plantam feijão e arroz morrem de fome. Quem é mais importante?

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