Colunistas
Quem não chora não mama
O governador Eduardo Leite fez uma cerimônia pomposa no Palácio Piratini no final da tarde de segunda-feira para anunciar investimentos, ora, de 300 milhões de reais na recuperação de estradas pelo Rio Grande a fora. Estavam lá engravatados de todo o espectro político do Estado para aplaudir o governador do Estado. Não resta dúvida que se trata de uma coisa positiva. Afinal, anunciar obras é algo raro por este Brasil nas últimas décadas. O anúncio em si até que não é tão raro. Tem um grande problema aí. As obras geralmente não saem do papel, ou, quando saem, levam 10 vezes mais tempo do que o anunciado. Obras projetadas para a Copa do Mundo de 2014, muitas delas, em Porto Alegre, ainda não estão concluídas ou sequer saíram do papel. Portanto, parece até um esporte nossos políticos anunciar obras. Pior ainda é quando o dinheiro é oriundo de empréstimos, que custam juros caros. Este é o segundo problema. Os órgãos públicos cada vez mais buscam empréstimos para conseguir implementar uma obra. Os bilhões de impostos que nós pagamos servem, afinal de contas, para que? É muita hipocrisia de nossos políticos quando tomam atitudes como esta de segunda-feira. Todavia, todos fazem, sem escapar ninguém. O sujeito empresta dinheiro, que é uma mixaria perto dos bilhões que vão para o ralo todos os anos, saem anunciando obras por todo o Estado, e nem se sabe quando o dinheiro vai sair, muito menos as obras. Só de aposentados entre 45 e 60 anos (jovens portanto) o Estado gasta bilhões por ano. Tinha que ser o contrário. Os 350 milhões anunciados com pompa e circunstância tinham que ser suficientes para pagar verdadeiros aposentados todos os anos e os bilhões gastos com aposentados tinham que ser investidos todos os anos em infraestrutura pelo Estado afora. A ordem de valores se inverteu. Pobre Rio Grande! Pobre Brasil! O que fizeram com este país de 1986 para cá é algo surreal. A responsabilidade não é do atual governador, que parece que vai conseguir avançar um pouco nos seus 4 anos. Ele faz o que pode. É de todos os políticos que governaram o Estado, de todos os deputados que tiveram mandato de 1986 para cá, de todos os presidentes da República neste mesmo período e de todos os congressistas que ocuparam o Congresso Nacional. Esta gente tem e teve a caneta na mão para afundar o Brasil e o Rio Grande nesta desgraça em que estamos metidos.
CULPADOS
Os culpados somos nós. Os bilhões arrecadados pelo governo do Estado e que são literalmente “capturados” pelos políticos, os representantes das corporações e pela corrupção não voltam para a sociedade em forma de prestação de serviços. O povo consente com isso. A imprensa noticia as barbaridades e nada de revolta geral. Onde estão as entidades como a Fiergs, Fecomércio, Fetag, Farsul, Sindicatos Rurais, sindicatos patronais, ACI, CDL, tantas que tem por aí. Elas teriam força suficiente para mudar este estado de coisas. Tinham a obrigação de se posicionar e exigir justiça social. Ficam caladas e assistem de camarote o dinheiro dos impostos ir para o bolso de pessoas erradas. Agora mesmo, com a reforma da Previdência temos a prova diante de nossos olhos. Onde estão estas entidades para defender a reforma, que é um caso quase de vida ou morte para o Brasil, para o Estado e para os Municípios. Ninguém solta um pio, estão todos quietos no seu cantinho, enquanto as corporações (que tem tempo de sobra para isso) fazem barulho. Quem não chora não mama.