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Torcer o rabo

13/08/2019 - 09h05min

Segundo cálculos, o governo federal emite todos os meses cerca de 60 milhões de pagamentos para pessoas que recebem dos seus cofres. O destino dos 60% dos impostos recolhidos no país vai em grande parte para este destino. Ou seja, não é dinheiro empregado na saúde, na educação, na infraestrutura, mas sim, em pagamentos para pessoas, como se fosse uma gigantesca empresa com milhões de empregados. Como chegamos a este ponto a gente sabe. A irresponsabilidade dos políticos que dirigiram este país, em conluio com os seus partidos, com os quais se confundem, produziu este desastre. A corrupção é grave, tem que ser combatida, mas ela é uma ínfima parte deste dinheiro que é pago para pessoas. Uma pensionista filha solteira chegou a este grau de privilégio através da corrupção. O governante que vez esta lei se corrompeu. Os pensionistas, na maioria mulheres, que recebem 20 mil reais por mês quando não mais pela morte do cônjuge, passaram pelo mesmo processo. Um viúvo, alto funcionário público, se casa só no papel com uma jovem de 20. Moral da história: quando ele morrer, ela passará a receber a pensão pelo resto da vida. Não existe nenhuma regra para impedir isso. São situações revoltantes e nas quais ninguém mexe mais. Deveria haver uma espécie de pacto para acabar com as coisas mais esdrúxulas. Não pode haver direito adquirido para absurdos. Enquanto isto, a vó da primeira dama Michele Bolsonaro agoniza no corredor de um hospital de Brasília com a perna quebrada há vários dias. Só que, quando a notícia foi divulgada, a cirurgia foi feita em seguida. Este é o Brasil. Os privilegiados sempre tem um tratamento privilegiado. Pudera, o Distrito Federal tem receita de 31 bilhões e gasta 28 só em folha de pagamento. Sobra dinheiro para fazer o que?

VOLTANDO

Voltando aos 60 milhões. Eles são distribuídos entre os que recebem aposentadoria, bolsa família, auxílio-doença, na área da assistência social e saúde, todo mundo tem valor a receber do governo, entre eles os próprios funcionários públicos, viúvas, pensionistas, etc. É gente recebendo que não tem fim. Isto parece mais uma central de distribuição de fundos para pessoas do que um governo. Aí não estão incluídos os estados e municípios. Como é possível isso? Não tem país que consiga crescer numa situação dessas em que sobra 1% da receita para investir. Portanto, em vez de obras, o dinheiro é distribuído através de cheques para dezenas de milhões de pessoas todo mês. E as obras que todos nós teríamos que usufruir como retorno do pagamento de impostos não existem. O governo virou uma entidade de caridade. O país parou de crescer e as perspectivas são sombrias.

MUNICÍPIOS

Os municípios vão no mesmo caminho. Todos eles começaram a se endividar, pois alegam que não tem dinheiro para investir, o que é verdade. Onde saúde e educação consomem 60% do orçamento não tem mais nada para fazer. Agora começaram a apelar para empréstimos, seguindo o mesmo caminho da União e estados. Ainda bem que a vaca começou a torcer o rabo.

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