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Um tiro que saiu pela culatra

15/10/2018 - 11h00min

Aqui na região e na serra toda o candidato a governador José Ivo Sartori fez bem mais votos do que Eduardo Leite. No entanto, o resultado da eleição deu a vitória no primeiro turno para Eduardo Leite com cerca de 3% de vantagem. Sartori ainda não apareceu por aqui nem no primeiro turno tampouco agora na semana passada. Eduardo Leite esteve em Ivoti em junho em visita de cortesia ao jornal Diário e voltou agora de novo na manhã de sábado. Fez uma peregrinação por vários municípios da região. A derrota aqui foi feia para Sartori. Ele tenta reverter o quadro nesta região e por isto está investindo aqui.

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

Como a eleição para o Estado aqui é o que nos resta, já que a eleição para presidente da República já se sabe mais ou menos o que vai dar e dificilmente mudará, vamos avaliar o que nos resta. Os dois candidatos são bons. Eduardo Leite foi um grande prefeito em Pelotas e me impressionou muito pelas colocações que fez acerca do mandato que disputa para governador do Estado. Ele defende a teoria de não disputar a reeleição. Eduardo Leite acha que quatro anos é suficiente para um gestor público. Num eventual segundo mandato, segundo ele, não se consegue mais governar por causa das articulações que tem que ser feitas para ganhar a eleição e depois governar. Em Pelotas ele fez isso. Poderia ter disputado um segundo mandato e ganharia com folga, mas preferiu não fazê-lo. A sua candidata indicada se elegeu com 70% dos votos. A sua tese é de alguém que se preocupa com a coisa pública e denota que não tem sede por poder.

DEVAGAR

Quanto a Sartori, temos que saudar que se trata de uma pessoa séria e honesta. Já é uma grande coisa para um candidato a governador do Estado. Por isto que falei antes que desta vez estamos bem. Temos diante de nós dois candidatos muito bons e que se destacam diante da média dos políticos por serem bons e sérios. Mas para governar o Estado que está falido precisa muito mais do que isso. E Sartori não demonstrou o necessário para resolver o problema das finanças do Estado principalmente porque foi muito lento na tomada de decisões. Ele deveria ter assumido e no primeiro dia descarregado uma salva de tiros capaz de mexer com as estruturas do Estado falido. Mas sua índole não é afeita a tomada de decisões arrojadas. Foi lento demais e praticamente perdemos quatro anos em que não progredimos quase nada em termos de solução de nossos problemas.

EGR

Sartori perdeu o primeiro ano peregrinando pelo Estado para explicar a situação do Estado. Quando resolver começar a governar era tarde. Sequer a famigerada EGR, estatal criada no governo anterior para administrar pedágios, ele foi capaz de fechar. Deveria tê-lo feito já no primeiro dia. Em vez de fechar autarquias e fundações no primeiro mês do mandato, somente o fez no último ano. Aí não dá. A autorização para a privatização de estatais resolveu fazer faltando meio ano para o fim do mandato em vez de fazê-lo no primeiro meio ano. Só conseguiu fazer alguma coisa em termos de obras e na área da segurança porque parou de pagar a dívida do Estado com a União há alguma tempo. É muito pouco, Sartori, para o tamanho do problema do Estado. Sem falar no aumento brutal do ICMS que não resolveu o problema financeiro do Estado e foi danoso para a economia. Um tiro que saiu pela culatra!

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