Colunistas
Uma vez funcionários públicos sempre funcionários públicos
No dia 25 de julho comemoramos o Dia do Colono, em comemoração a chegada dos imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul, mais precisamente em São Leopoldo, vindos de Porto Alegre pelo Rio dos Sinos. Aqui em Ivoti a data foi comemorada no domingo, para deixar livre o próximo domingo, quando acontece a celebração do Dia do Motorista. As duas datas nunca são comemoradas juntas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Os colonos foram para a rua na manhã de domingo para desfilar as suas virtudes, mostrar os produtos que produzem, elogiar quem deve ser elogiado e criticar quem deve ser criticado. Um belo desfile. Não é mais igual há 10 anos, mas está voltando a ficar pelo menos um pouco parecido com os melhores tempos.
DIFERENÇAS
É claro que não dá para igualar os colonos com os funcionários públicos. Os colonos são uma coisa e os funcionários públicos têm outras funções completamente diferentes. Mas cabe aqui colocar algumas diferenças entre uns e outros. Os colonos têm que produzir o seu sustento, quer faça chuva, quer faça sol. Se eles produzem tem o que comer e fornecem o excedente para o mercado consumir inclusive os funcionários públicos. Se cair granizo, chover demais, ou der uma seca, a produção tem quebra e eles devem consumir o reserva de comida que estocam para sobreviver e não fornecem comida para o mercado. Com isso o preço sobe e a inflação aumenta. Nesta situação os funcionários públicos são prejudicados, mas conseguem depois recuperar a perda da inflação, que sempre é reposta e com mais aumento real ainda. Perde o colono, que deixa de ganhar mais. Os funcionários públicos perdem num primeiro momento, pois têm que pagar mais pelos produtos agrícolas. No entanto, conseguem mais tarde a reposição. Ao fim e ao cabo não perdem nada.
FOLGAS
Os colonos não têm folga nunca. Os animais têm que ser tratados todos os dias, senão os funcionários públicos ficam sem leite para consumir. Este não é o problema maior, pois tem substitutos para o leite. Até nos feriados os colonos não podem deixar de tratar os animais. Prolongar um feriado nem pensar, como fazem os funcionários públicos, que geralmente espicham feriados para fazer feriadões. Isto para os colonos não existe. Eles têm que se virar. Alguém sempre tem que tratar os animais. Quanto aos funcionários públicos não há problema. O prefeito geralmente decreta um ponto facultativo, que os dispensa do trabalho sem prejuízo do salário porque, na prática, eles teriam que recuperar as horas não trabalhadas, o que nunca fazem.
APOSENTADORIA
Os colonos trabalham na chuva e de sol a pino. Na hora de se aposentar ganham uma ninharia que mal dá para sobreviver. Por outro lado, os funcionários públicos se aposentam com o salário que ganham no dia da aposentadoria, que geralmente é maior do que no restante do tempo trabalhado. Vão para casa ou continuam trabalhando, passando a ganhar para o resto da vida. Os colonos ganham bem menos, mesmo que na ativa produzam muito ou queiram contribuir com mais.
RISCO
Os colonos correm sério risco de ir mal por causa de intempéries ou outros motivos. Daí geralmente são expulsos do campo e vão parar nas periferias das grandes cidades. Todo negócio tem seu risco. Menos o dos funcionários públicos. O risco deles é zero, pois têm estabilidade no emprego. Uma vez funcionários públicos sempre funcionários públicos.