Coluna Nova Petrópolis

Vitória de Bolsonaro em Nova Petrópolis foi uma verdadeira lavada

30/10/2018 - 11h00min

Atualizada em 30/10/2018 - 11h00min

83% A 17%

A vitória local de Bolsonaro numa proporção superior a 5 x 1 foi uma verdadeira lavada. Tamanha diferença surpreendeu, sim. Havia na cidade um engajamento forte pró Bolsonaro, o que foi demonstrado nas várias carreatas. Mas o outro lado também estava envolvido, principalmente na campanha do segundo turno. Eu imaginava pelo menos 25% dos votos para Haddad em Nova Petrópolis.

BOLSONARO

Bolsonaro se mostra radical em vários aspectos; Bolsonaro não tem experiência administrativa; Bolsonaro precisará provar que é, de fato, um liberal e que não irá se intrometer no mercado (na vida real não existe essa história de baixar o preço do gás numa canetada…) e na vida das pessoas. Quanto ao radicalismo, muitos se convenceram de que ele é necessário, pelo menos em certa dose, para solucionar as mazelas da sociedade, a exemplo da violência que toma conta. Sobre a inexperiência administrativa, teremos que aguardar os próximos anos. Lula também não a tinha em 2002. Se Bolsonaro for autoritário, esta será a sua ruína. O que importa destacar, na minha opinião, é que finalmente o Brasil teve um candidato a presidente capaz de pronunciar segura e cristalinamente a seguinte frase: “Quem não gostar de mim, que vote em outro”.

GOVERNADOR

Sartori ganhou a eleição em Nova Petrópolis: 69,7% contra 30,2% do governador eleito, Eduardo Leite. Não se trata tanto dos partidos, MDB e PSDB, mas sim da realidade regional. Leite ganhou mais na metade sul e Sartori ganhou mais no norte do Estado. O detalhe é que, em seus redutos, Leite teve vantagens mais acentuadas. Em Pelotas, por exemplo, fez quase 90% dos votos, ao passo que Sartori venceu com 60% em sua cidade, Caxias do Sul.

SARTORI

Muito ainda se falará de Eduardo Leite, que promete e tem condições de ser um bom governador. Neste momento, cabem algumas palavras sobre Sartori, não o candidato derrotado, mas o atual governador. Diria que é um homem honesto e sério. Mas lento. Havia uma expectativa muito grande sobre o seu governo, que não se confirmou no todo. Diz ele que sanou boa parte do deficit do Estado. De fato, o rombo das contas públicas estava projetado para algo em torno de R$ 25 bilhões e agora está próximo de R$ 8 bilhões. Mas tire dessa diferença o valor arrecadado a mais com o aumento de ICMS e quanto sobra? O deficit poderia ter sido sanado com a venda, federalização ou extinção de estatais inúteis ou deficitárias. Sartori acusa o seu ex-aliado PSDB de ter votado contra um plebiscito neste sentido, mas não reconhece que enviou o projeto à Assembleia Legislativa aos 45 do segundo tempo. Bem ou mal, Sartori governou do mesmo jeito desde o início. Não deixou de parcelar salários com a aproximação das eleições. Esse é um ponto positivo do seu governo. Se rompêssemos a tradição e finalmente reelegêssemos um governador, Sartori seria o melhor nome. Os gaúchos optaram novamente pela renovação.

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