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A ajuda especial a João Emanuel que mobilizou a aviação de todo o Brasil

22/09/2020 - 16h20min

João, com roupa de aviador, e que foi emprestada à família (Créditos: Arquivo pessoal)

Lindolfo Collor – Existe uma teoria na Psicologia chamada “seis graus de separação”. Basicamente, ela diz que qualquer pessoa está a seis apertos de mão, ou contatos, de qualquer outra totalmente diferente. A história a seguir mostra que os graus de separação não têm limites geográficos, ainda mais se buscam reverberar uma causa tão importante e urgente.

O menino João Emanuel Rasch Schropfer, de Lindolfo Collor, completou um ano de idade em julho, e nos próximos nove meses, precisa de R$ 12 milhões para obter o medicamento Zolgensma, utilizado no tratamento da Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1. Até segunda-feira, a família havia obtido 10% deste valor, ou seja, pouco mais de R$ 1,2 milhão.

João é apaixonado por aviação. Nos seis meses em que esteve internado no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, a família conta que ele adorava observar os aviões passando no céu. “Ele ficava todo empolgado”, diz a mãe dele, Luciana Rasch. O menino também ganhou um avião de brinquedo da “Dinda”, a técnica em Química, Édina Erthmann.

A situação chegou ao conhecimento do empresário Samuel Skonetzky, e da esposa dele, a comissária de voo da Azul Linhas Aéreas, Juliana Silveira. Ambos são moradores de Estância Velha. Aqui entra a teoria dos seis graus de separação: João é o “primeiro grau”, e Juliana, diremos que é o segundo.

Juliana, há nove anos na profissão, logo se envolveu na causa, também sabendo desta paixão peculiar do menino. “Existem diversas frentes de trabalho se dedicando diariamente para ajudar nosso amiguinho. Nossa família faz parte de algumas, e trouxemos esta frente da aviação, que conseguimos impactar através de um depoimento da história dele”.

Um dos que receberam a mensagem da comissária foi o comandante Fernando Crescenti, morador de Indaiatuba/SP. Há 22 anos na função, o tripulante da Azul é nome relativamente conhecido no setor. Inicialmente, o pedido dela foi para que ele fizesse um desenho para João, mas Crescenti, “terceiro grau” nesta história, foi além, mobilizando uma rede de canais parceiros nas redes sociais.

1,5 milhão de pessoas alcançadas

Deu resultado. Até ontem, havia 47 páginas e nove aeroclubes, entre eles, alguns gaúchos, como o de Caxias do Sul e o de Canela, e outros de fora, como São Paulo, Pirassununga/SP, Jundiaí/SP, Lavras/MG, uma escola de aviação em Belo Horizonte, outra na Bahia, e inclusive a Associação de Aeronautas da Gol (Asagol). Juntas, elas alcançam 1,5 milhão de pessoas.

A entidade tem cerca de 2 mil associados e representa os tripulantes da Gol Linhas Aéreas. Seu presidente, o comandante Mário Amato (“quarto grau”), recebeu o “chamado” de Crescenti e repassou o assunto para a assistente social e analista de Bem-Estar da associação, Andressa Diniz. “Não tínhamos conhecimento da história do João, mas fui a fundo pesquisar”, contou ela ao Diário.

A partir do que soube, Andressa, o “quinto grau”, informou ao comandante Amato, que gostou da história, segundo ela. “Todos nós nos comovemos”, afirmou a analista. A funcionária ingressou no grupo de WhatsApp dos voluntários da campanha e, por meio dele, conseguiu contato com Luciana, a mãe de João, fechando o ciclo. A Comunicação da Asagol contatou Crescenti e se dispôs a ajudar João.

Tripulantes de empresas concorrentes se uniram

Vale lembrar que Azul e Gol são empresas concorrentes. “Vamos divulgar internamente a vaquinha online, e reforçar ainda mais no mês que vem. Faremos divulgações em nossas redes sociais, e utilizar nossa lista de e-mails para informar da campanha, que vai para todos os tripulantes, gente que voa na Gol”, afirma o assessor da Asagol, Flávio Campos.

Crescenti também fez contato com representantes das Forças Armadas, ou seja, Marinha, Exército e Aeronáutica, para se engajar na campanha de alguma forma. Nesta semana, ele deve receber um retorno, mas tudo indica que será positivo. E uma ação, que ainda é surpresa, está sendo preparada para outubro, quando a campanha chega no seu auge e também é celebrado o Dia das Crianças.

“Esta é uma frente inédita na aviação para salvar o Joãozinho”, afirma o comandante. Assim, mobilizações vêm crescendo neste setor unido em suas associações representativas, bem como pessoas que estão dispostas a auxiliar. A roupa de aviador que João usa na imagem que ilustra esta reportagem é emprestada, mas pode indicar uma paixão que, certamente, jamais será esquecida.

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