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A árdua readaptação de um doisirmonense
Por
Rodrigo Thiel
Dois Irmãos – Muitas mudanças, principalmente as abruptas e inesperadas, são mais demoradas e difíceis de serem realizadas. E um destes casos é do doisirmonense Jaime Hahn, conhecido pelos amigos como Schumoto, de 37 anos. Em setembro do ano passado, ele sofreu um acidente de trânsito e precisou amputar a perna esquerda depois de passar dias internado em hospitais, tendo que readaptar sua rotina e sua vida.
O mais novo de oito irmãos, Schumoto é filho de Silfredo e Lucena Hahn, moradores do bairro União. Ele mora em Novo Hamburgo com a esposa Micheli Cristina, mas trabalha na Cortecor, em Dois Irmãos. O casal possui dois filhos, sendo um menino de quatro anos, Bryan, que fez aniversário enquanto o pai estava na UTI, e uma filha, Alicia, de seis meses.
Jaime relata que ainda está se recuperando do trauma em sua casa, em um processo que ele mesmo destacou como lento e muito doloroso. “Além das dores físicas tenho também a chamada ‘dor fantasma’. Preciso tomar diariamente remédios que são bem caros para poder tolerar as duas. Este também foi o último mês que precisei tomar a medicação para a tromboembolia pulmonar que tive também ao tentar salvar a perna”.
Ele ainda conta do apoio que tem recebido no posto de saúde do bairro onde mora, em Novo Hamburgo, e das sessões de fisioterapias com a Feevale. “Tenho também a minha esposa que é técnica e tem sido minha enfermeira particular. Tudo isso tem sido fundamental para esse processo de adaptação e recuperação”, completou.
Prótese na perna amputada
Atualmente, Jaime está testando um modelo de prótese a ser adquirido. A adaptação é fundamental para voltar aos poucos à vida normal. A família também segue em negociação para definir um valor para a prótese. “É bem difícil, mas creio que logo vou me adaptar. Ainda não conseguimos o valor total, porém tivemos muito apoio dos amigos e a divulgação no jornal e nas redes sociais ajudou muito”.
Para ajudar na arrecadação do restante da verba, que também será utilizada para outras adaptações, a família está organizando um cachorro-quente. “Vamos tentar conseguir o valor que falta e se possível algum valor para dar de entrada em um carro que eu possa dirigir para poder retornar ao trabalho. Gostaria de agradecer o apoio que tive da Cortecor, que tem sido muito solidária e importante nesse momento”.
Serão quatro locais de entrega do cachorro-quente, em Dois Irmãos, Novo Hamburgo, Morro Reuter e Sapucaia do Sul, no dia 5 de fevereiro, das 19 às 21 horas. O valor do cartão é R$ 10 e mais informações sobre a ação podem ser obtidas pelos telefones (51) 99646-8412 e (51) 98172-7478.
Relato do acidente
A perda da perna ocorreu no dia 7 de setembro de 2020, depois de um acidente de trânsito na ERS-122, em Bom Princípio. Ele ficou cerca de duas semanas na UTI do Hospital São Carlos de Farroupilha e depois foi transferido para o Hospital Municipal de Novo Hamburgo. A família voltava de um passeio na Serra e, como estavam em várias pessoas, Schumoto veio de moto enquanto o restante de carro.
Jaime conta que se recorda do momento exato da colisão, quando o motorista do outro veículo teria perdido o controle. “Lembro de tudo, desde o momento do impacto, onde fiz uma manobra para não bater de frente, até o meu auto resgate, onde eu mesmo fiz um torniquete ao perceber a fratura exposta de fêmur e dei meu telefone para a esposa do motorista do carro ligar para minha esposa e pedir para ela parar”.
Ele ainda conta que entrou em choque hipovolêmico ao chegar no hospital, devido à perda de sangue. “Nos dias que se seguiram, tive muita dor na perna até o dia em que minha esposa me deu a notícia que eu teria que amputá-la. A notícia nem me chocou, pois eu percebia que a cada dia estava pior e imaginava que esse seria o desfecho”.
O médico que realizou a operação em Jaime, Luis Felipe Zenato, acompanha a situação de Schumoto até hoje. “Ele é muito bom e competente, mas eu só queria vir para casa e ver meus filhos, pois não aguentava mais de tanta saudade”.
Comunidade abraçou a causa
Jaime também agradece à comunidade doisirmonense que apoiou a campanha para a compra da prótese e que segue ajudando de alguma forma na sua adaptação. “Só tenho a agradecer tanto ao jornal quanto aos amigos e até desconhecidos que se mobilizaram e me ajudaram nesse momento tão difícil. Se não fosse pelas doações, não teríamos nem como pagar as contas do mês”.
Ele conta que, atualmente, o benefício concedido pelo INSS representa metade do seu salário e que só os custos com remédios chegam quase aos R$ 1 mil por mês. “Para agradecer o apoio de todos eu prometo me esforçar muito e logo estar de volta caminhando e dividindo minha experiência com quem mais precisar”.