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A herança de Leonardo em Hortêncio: político participou de grandes conquistas da cidade

01/10/2020 - 21h00min

São José do Hortêncio – “Uma pessoa de muitos amigos, sempre cheio de planos e ideias”, é assim que sua filha Sara Arnhold lembra do pai, Leonardo Teodoro Arnhold. O político de 60 anos faleceu no dia 29 de setembro. Ele testou positivo para Covid-19 e também sofria de outros problemas de saúde, como diabetes e falha nos rins.

Na vida política há anos, o ex-prefeito e então candidato à prefeitura pelo DEM, teve papel importante no desenvolvimento do município, o que fez com que sua morte causasse uma grande comoção entre os moradores. Sempre próximo à comunidade, Leonardo era respeitado e admirado inclusive por seus adversários políticos, os quais reconheceram seus feitos na região.

Tido como uma pessoa carismática e prestativa, mais de 100 carros participaram de seu cortejo fúnebre no dia 30, tendo à frente inclusive um caminhão do Corpo de Bombeiros que ele mesmo havia doado para a cidade em 2009. A homenagem atravessou as ruas de Hortêncio – município que Leonardo havia escolhido para acolher e residir há mais de 30 anos.

Legado político de Leonardo

Leonardo teve seus 29 meses como prefeito marcados principalmente pelas entregas no setor de obras. Um dos políticos com quem Leonardo trabalhou ainda no início de sua carreira foi Anibaldo Petry, hoje aposentado e afastado da vida política. Anibaldo diz que ele foi fundamental para que a emancipação acontecesse lá em 1988. Isso porque Leonardo “levava jeito” para conversar com o povo e, assim, os cativava e os convencia a serem favoráveis ao movimento.

“Eu só posso cultivar ele na memória como sendo a pessoa que administrou a cidade de maneira impecável e como o companheiro alegre que era”.

Leonardo foi também um dos idealizadores que levou o Curtume Sulino para Hortêncio. De acordo com Nicolas Kreuz, gerente de operações e filho de João Luis Kreuz – dono do curtume e, inicialmente, sócio de Leonardo na empresa –, comenta que no tempo em que teve a oportunidade de trabalhar junto ao político, aprendeu muito.

“O Leonardo foi fundamental para a empresa ocupar o lugar em que está atualmente. Ele fez muito pelo curtume, e tudo que ele fazia era em prol do município e dos moradores”.

“Coração enorme”

Leonardo, sua esposa Ingried e suas filhas Sara e Sofia

Cheia de orgulho, a família definia ele como uma pessoa generosa e benevolente, sempre disposto a acudir quem necessitasse. O genro Matheus Koch lembra que uma das coisas que mais dava prazer ao sogro era poder estender a mão ao próximo. No tempo em que passaram juntos, Matheus percebeu nele esse seu apreço pela governança comunitária.

“Ele preferia deixar faltar em casa, se fosse o caso, para poder ajudar outra pessoa. Até o último momento ele ainda conversava sobre ideias e planos de governo, como se nada o afetasse. Era o que ele gostava de fazer e não tinha nada que mudasse isso”.

Convivendo com alguns problemas de saúde já há algum tempo, os últimos meses, segundo a filha Sara, estavam sendo difíceis. Mas nem assim Leonardo se abalava: era otimista e estava convicto de que ficaria bem.

Sara o questionou diversas vezes se era realmente o momento para ele concorrer – devido à situação de sua saúde. No entanto, sua força e sua vontade de se candidatar acabaram por convencer a ela e ao restante da casa. “A política era simplesmente o gás que movia ele, então resolvemos o apoiar”. E, ainda de acordo com ela, Leonardo seguiu sendo assim até seus últimos momentos de vida. “Aqui em casa ele vai deixar um vazio enorme”.

Vereadores

Alguns dos vereadores comentaram a perda, salientando o que ela significa para a comunidade e para a política da região. Ainda que concorrentes no âmbito político, todos reconheceram os anos em que ele se dedicou ao município e sua leveza ao levar a vida com humor e simplicidade.

Cirio Ildeberto Krummenauer, PSB

“Ele foi um protagonista na emancipação. Ele amava e cuidava muito bem do município, era um verdadeiro líder comunitário. De modo geral, as pessoas tinham bastante apreço por ele, pois ele se dedicava de verdade ao povo da cidade. Estou sentindo muito esta perda e acredito que todos que o conheceram também estejam”.

 

 

 

 

Irilde Maria Spaniol, PT

“Nós sempre fomos adversários na política, mas nunca deixamos de ser amigos, éramos próximos há mais de 20 anos. Ele estava sempre com um sorriso no rosto. Não tem como esquecê-lo ou deixar de admirá-lo, tanto pelo homem quanto pelo político que ele foi. Ele fará muita falta”.

 

 

Olavo José Spaniol, MDB

“Perdemos um grande político. Podíamos ser adversários dentro da política, mas jamais inimigos. Trabalhei junto a ele por 14 anos no Curtume Sulino, isso faz com que eu também sinta esta perda”.

 

 

Paulo César Hanauer, PSB

“Não tenho palavras para expressar a dor pela perda do nosso líder e amigo de todas as horas. Foi o Leonardo que, quando prefeito, me chamou para participar da política. Mas, mesmo fora da política um amigo espetacular”.

 

 

Valdir Liborio Dill, MDB
“O Leonardo foi um grande amigo, sinto muito a perda dele. Ele sempre foi muito empenhado em ajudar Hortêncio a melhorar e se desenvolver, mas, com todo o conhecimento que ele possuía, ainda tinha muito com o que contribuir. Para chegar no nível de político que ele foi, é preciso batalhar muito. E, além de grande político, ele era um grande ser humano”.

 

 

O último ato

O documento contém a última assinatura pública do político

Oficialmente, o envio da proposta de governo foi a ação final de Leonardo como político. O documento, enviado para o Tribunal Superior Eleitoral no dia 16 de setembro é parte da etapa obrigatória no processo de apresentação da candidatura. Neste, Leonardo declarava que, caso fosse eleito, se comprometeria em “administrar a cidade com respeito e competência em todos os atos que se referirem à administração”.

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