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A tragédia que deixou não só moradores de Saudades desolados

06/05/2021 - 10h19min

Velório foi de muita emoção. Crédito: Rádio Centro Oeste/Divulgação

Saudades/SC – Um dia depois do crime que chocou o mundo no município de Saudades, no Oeste Catarinense, a Polícia Civil ainda investiga o que levou um jovem de 18 anos a entrar em uma escola infantil com duas facas. O rapaz identificado como Fabiano Kipper Mai matou três crianças, uma professora e uma agente educacional. Não há nada que indique que outras pessoas estejam envolvidas. As crianças foram atingidas, porque seriam alvos fáceis, mas isso é suposição do delegado da Polícia Civil responsável pela investigação do caso, Jerônimo Marçal Ferreira.

Conforme informações preliminares, o garoto é quieto, introspectivo, enfrenta problemas psicológicos causados pelo bullying (nem queria mais ir à escola por isso), não tinha namorada, os poucos amigos que tinha se afastaram, fica muito tempo trancado no quarto, gosta de jogos online e tinha tendência em maltratar os animais.

O rapaz está no Ensino Médio e vem de família humilde. Ainda conforme o delegado, foi encontrado R$ 11 mil em espécie na sua casa. De acordo com a família, ele trabalha numa empresa no município e, por não sair muito, acabava guardando o dinheiro.

A compra das facas foi feita pela internet e tinham chegado dias antes do ocorrido. Ele usou só uma (adaga semelhante à espada). Os pais perguntaram para qual finalidade eram as facas e ele disse em tom de brincadeira que mataria o cachorro da família.

Despedida

Os corpos foram liberados por volta das 22h de terça-feira. O velório coletivo das cinco vítimas ocorreu no ginásio no Parque de Exposições Theobaldo Hermes em um clima de enorme comoção na quarta-feira. O sepultamento ocorreu no mesmo dia e reuniu muitas pessoas.

Choque

Nascida em Saudades, Jeani Weschenfelder, 44 anos, veio para Ivoti aos sete anos. Ela disse que é uma cidade pequena, pacata e todo mundo se conhece. “Nunca ouvi falar de uma tragédia dessa proporção lá”, disse surpresa, pois segundo pesquisas vistas por ela, o índice de violência no município é quase zero, o que torna o ocorrido ainda mais preocupante.

Nascida lá, Jeani diz ser uma cidade pacata. Crédito: Stephany Foscarini

Tristeza sem fim

O autor do ataque entrou na Escola Infantil Pró-Infância Aquarela, que atende crianças de 6 meses a 2 anos, na manhã de terça-feira. Na hora estavam 20 crianças no local sob os cuidados de cinco professoras. A primeira pessoa que o assassino atacou foi a professora Keli Adriane Aniecevski. Mesmo ferida, ela correu para uma sala, onde estavam quatro crianças e a agente educativa Mirla Renner, de 20 anos. Fabiano chegou até a sala e continuou os ataques, matando Keli e três crianças. Mirla chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Ele tentou entrar em outras salas, mas as demais professoras se trancaram dentro das salas, por isso só conseguiu entrar em uma. Todos os corpos tinham ao menos cinco perfurações.

O bebê de 1 ano e 8 meses que ficou ferido está internado na UTI pediátrica do Hospital Regional do Oeste, em Chapecó. Conforme boletim divulgado, o quadro é estável. O menino chegou ao hospital com cortes na bochecha, lábios, barriga, além de uma perfuração em um dos pulmões. Ele passou por uma cirurgia.

Já Fabiano foi preso e levado ao hospital após dar golpes contra o próprio corpo. O estado de saúde dele é grave, segue internado e está sedado. O hospital recebeu escolta. Ele foi autuado em flagrante por cinco homicídios triplamente qualificados, além de uma tentativa de homicídio contra a criança que foi ferida. As qualificadoras dos crimes são: motivo torpe, utilização de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e a utilização de meio cruel.

Bebê ferido chegou de helicóptero no hospital. Crédito: Rádio Centro Oeste/Divulgação

 

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