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Após decisão do Estado, empresário fala das dificuldades de manter o negócio
Ivoti – A decisão anunciada pelo Governo do Estado, em manter o comércio no Estado fechado até 15 de abril, gerou forte repercussão entre os consumidores, mas especialmente, entre empresários e empreendedores da região. Em Ivoti, o prefeito Martin Kalkmann já havia lançado decreto na semana passada flexibilizando a abertura dos estabelecimentos a partir desta sexta-feira, 3, desde que as empresas obedecessem uma série de regramentos para evitar o avanço do surto de Coronavírus.
Com a nova resolução estadual, os prefeitos que desobedeceram a ordem do Governo do Estado poderão sofrer sanções legais e administrativas por crime de responsabilidade, ao desrespeitar o artigo 268 do Código Penal, que prevê punições pelo descumprimento de medidas sanitárias. Entre as penas previstas estão a prisão, de um mês a um ano, além de multa.
Decepção e poucas perspectivas
Um dos empreendedores contrariados com a nova medida é Luís Bassedonio, proprietário do Bazar Bons Amigos, no Centro de Ivoti. Paralisado desde o primeiro decreto municipal, e na expectativa de poder voltar a funcionar nesta sexta, a decisão tomada por Eduardo Leite frustrou a ideia do empresário em reverter um cenário desanimador das últimas semanas. “Estou muito triste. Esperava que o governador tomasse uma decisão que não focasse exclusivamente no vírus, mas sim nas pessoas. Está faltando pensar um pouco na economia, porque as pessoas vão quebrar. Como vamos arcar com o aluguel, água luz e demais impostos”, comentou.
Para Luis, o governador peca em não permitir que os municípios façam a sua leitura da situação, para que as Prefeituras possam tomar a sua decisão de acordo com a sua realidade. “Nestes quase 15 dias eu tive que desligar dois funcionários. Uma funcionária está em casa, não tenho como pagar o salário a ela. Uma empresa do porte da minha trabalha em média 15 dias apenas para pagar aluguel. Que lucro vou ter?”, informa o empresário, que já está renegociando boletos e títulos bancários, sem previsão de quitar as dívidas urgentes.
Ivoti estava no caminho certo
Sobre perspectiva a médio prazo, quando o vírus der lugar ao recomeço, Luis tenta encontrar ânimo. “Se houver luz no fim do túnel, vou seguir acreditando. Mas tenho em mente que terei de recomeçar do zero e com dívidas. O governo afirma que vai ajudar o empresário, mas as medidas anunciadas até aqui são tão pequenas que não acalmam ninguém. Como as pessoas virão comprar comigo se após tudo isso elas não terão dinheiro?”, avalia com pesar.
Por fim, o empreendedor avalia que Ivoti estava no caminho certo, ao permitir que o comércio retomasse a sua rotina, com restrições que garantissem a economia girar sem expor trabalhadores e clientes aos riscos do surto. “As medidas propostas eram suficientes para conter o avanço da doença. Não tem transmissão comunitária em Ivoti. Os cuidados exigidos no decreto tornavam viável o recomeço para nós”.