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“As vezes, o policial é obrigado a usar arma de fogo para conter o agressor”, diz sargento sobre violência doméstica
Dois Irmãos – A ocorrência de violência doméstica é uma das maiores preocupações e um dos índices mais altos da segurança pública em Dois Irmãos. Em um raio x divulgado dias atrás, constatou-se que, em média, uma mulher é agredida a cada três dias no município, conforme atendimentos feitos na Delegacia de Polícia de Dois Irmãos. Em 2018, foram feitas 126 ocorrências que se enquadram em violência doméstica. Destas, em 91 situações, a vítima solicitou medida protetiva. Ou seja, tinha o desejo de se manter afastada do agressor.
Muitas situações registradas na Delegacia de Polícia, anteriormente, foram atendidas pela Brigada Militar, que chega no local no momento das agressões e ameaças ou instantes depois. O sargento Gilson Borges, que está respondendo pelo comando da corporação, confirma que as ocorrências de violência doméstica também são as mais atendidas pelas guarnições, juntamente com acidentes de trânsito. “E os dias de maior incidência são, notadamente, aos finais de semana e feriados. Surpreendentemente, acontecem muitas ocorrências nos domingos. Outra situação que nos chama atenção é que não há um bairro ou local definido, a violência contra a mulher acontece em todos os bairros e quase sempre há envolvimento de drogas ou álcool”, ressaltou o sargento.
A chegada de policiais militares no ambiente da violência doméstica é delicada e exige muito tato do agente. “É uma ocorrência muito complicada, pois o policial entra na intimidade das pessoas, acusado, vítima, filhos, enfim, toda aquela família fica exposta no momento do atendimento e isso torna a ocorrência muito tensa, pois o agressor não vai aceitar que outra pessoa interfira na sua rotina, na sua intimidade, pois na concepção dele, o que ele faz (bater na mulher) é certo e ela (vítima) está errada”, conta o policial.
RISCOS – Assim como a vítima é agredida, as vezes o agressor também resiste com a chegada da polícia. São inúmeros casos de haver resistência a abordagem, de ocorrer de ter policiais machucados. “E, por consequência, pode ocorrer de ter agressor ferido em virtude da prisão. Outro problema é o uso de arma branca (faca, facão, machado), pois o agressor está no seu ambiente e tem à disposição esses utensílios para usar contra os policiais, assim o risco de a ocorrência ter um desfecho mais grave, obriga o policial a usar a arma de fogo, e os resultados são irreversíveis. Aquela história de usar a mão para desarmar agressor com faca só existe em filme. O entendimento atual dos tribunais e da técnica policial é de que arma branca é letal e contra ela está plenamente autorizado que o policial use a arma de fogo”, adverte o sargento.
Reportagem completa na edição impressa de segunda-feira.