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BM diz que policial denunciado por agressão em Dois Irmãos foi indiciado por crime militar

15/09/2021 - 18h54min

Imagem ilustrativa - Créd. Cleiton Zimer

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – Na noite de terça-feira, 14, um grupo de manifestantes se reuniu em frente ao quartel da Brigada Militar de Dois Irmãos, na Av. Sapiranga. Com cartazes de dizeres “Chega de perseguição”, “Abuso policial não”, “Chega de abuso policial” e “Justiça já”, eles pediam o afastamento de um soldado envolvido em uma abordagem no dia 5 de setembro do ano passado; ele foi denunciado de ter agredido um jovem de 21 anos, morador do Loteamento Picada 48, enquanto este fazia entregas com a sua moto na rua Alberto Rubenich, em frente ao Complexo Esportivo.

O protesto foi pacífico. Iniciou por volta das 19h e se estendeu por cerca de uma hora.

O relato de ambos os lados

BRIGADA MILITAR: Na ocorrência da Brigada Militar da época, os policiais relataram que a guarnição se encontrava em patrulhamento quando a moto, conduzida pelo jovem, teria arrancado bruscamente e forçado ultrapassagem por diversos veículos. Com isso, a viatura teria iniciado o acompanhamento com o intuito de abordá-lo. Ainda conforme o relato dos policiais, teriam abordado-o na Alberto Rubenich; no local o motociclista teria caído da moto e, portanto, sido conduzido ao Posto 24h para receber atendimento médico. Os policiais descreveram que foram confeccionados autos de infração de trânsito, entre eles, por direção perigosa; a moto foi removida.

MOTOCICLISTA: Já o morador abordado relatou os fatos e outra forma. De acordo com ele, estava trabalhando como motoboy e fazendo entregas para uma hamburgueria por volta das 21h daquele sábado. No registro feito na Policiai Civil, ele continuou: “fui abordado por dois policiais no qual os mesmos me deram ordem de parada já apontando uma arma na minha direção. Acatei a ordem na hora sem nenhuma reação, desliguei a mesma e desci. Prontamente ao descer da moto já fui atingido por pontapés, chutes e socos dos dois indivíduos, no qual me atiraram contra o chão e deferiram mais golpes até eu defecar nas calças”. O morador relatou que, somente após isso, pediram seus documentos e os da moto, encaminhando-o para exame de corpo de delito e aplicando as multas.

Policial indiciado por crime militar

A partir do momento em que o caso foi denunciado para a Polícia Civil – por se tratar de uma acusação contra um policial militar -, a situação foi remetida à Corregedoria da Brigada Militar. Imagens das câmeras de videomonitoramento foram anexadas à ocorrência; nelas, há o registro da abordagem sendo feita em frente ao Complexo Esportivo.

Após a repercussão de um caso semelhante que ocorreu no último final de semana em Portão, o vídeo em questão – que foi anexado ao processo -, foi divulgado nas redes sociais por familiares do motociclista, por volta das 11h30 de terça-feira, 14. Em algumas horas ele viralizou e, consequentemente, culminou na manifestação que pedia o afastamento do policial em questão.

Na tarde de ontem o Comando do 32º Batalhão de Polícia Militar (32º BPM), emitiu uma nota sobre o fato: “A Brigada Militar manifesta-se, por meio desta nota, sobre a notícia supracitada (divulgada no site do Diário), quanto a fato ocorrido na cidade de Dois Irmãos, em 05/09/2020, onde policiais militares realizam a abordagem de um motociclista.

Quanto aos fatos ocorridos no momento da abordagem, o Comando do 32º Batalhão de Polícia Militar (32º BPM) informa que já ocorreu a apuração através do devido Inquérito Policial Militar (IPM), havendo transgressão da disciplina no âmbito administrativo e indiciamento de crime militar, com a devida remessa dos autos à Justiça Militar Estadual, a quem compete a apreciação”.

“Está explícita a mentira”

De acordo com um familiar da vítima, o vídeo anexado ao processo contradiz a versão dos policiais. “Está explícita a mentira. A nossa indignação é por causa disso: por que ele mentiu no boletim de ocorrência? Se o guri estava fugindo, multa, mas coloca exatamente o que aconteceu”.

Depois de um ano do ocorrido, o caso de Portão que aconteceu no domingo, 12, foi o estopim para a família. “Estamos com essa raiva guardada toda esse tempo e, agora, como deu este caso de Portão, a gente viu que a abordagem foi muito parecida. Lá os policiais foram afastados, e por que aqui ele continua na rua?”, questionou o familiar, que falou sob a condição de não ser identificado.

Veja, abaixo, o vídeo divulgado pela família: 

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