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Casos de violência sexual preocupam em Santa Maria do Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Somente neste ano, até julho, a Delegacia de Polícia Civil de Herval já registrou dois casos de estupro de vulnerável, além de um estupro e uma ocorrência de satisfação de lascívia. Isso representa a mesma quantidade de ocorrências de violência sexual de todo o ano de 2020, que redundou e um estupro, dois estupros de vulnerável e um ato obsceno.
De acordo com a polícia todos os casos aconteceram no vínculo familiar – um agravante, já que esse é lugar onde as vítimas deveriam encontrar segurança e apoio. Se por si só esses números assustam há também subnotificação, pois nem todas as situações chegam ao conhecimento das autoridades competentes.
Parece uma realidade distante ao olhar superficial, em uma cidade onde praticamente todos se conhecem e pouco se imagina que crimes assim possam acontecer. Mas acontecem, e são graves. Além da violência em si, acabam desencadeando diversos problemas estruturais que precisam de amparo de profissionais para tratar as consequências físicas e psicológicas.
A violência pode partir de onde menos se imagina
“Infelizmente, a maioria dos casos acontecem com pessoas da própria família. Os que deveriam proteger e estar atentos a esse crime, não cumprem seu papel”, disse a conselheira tutelar Sibele Boeff Arnold. No caso da violência contra as crianças e adolescentes, explica que a autoria parte de pessoas próximas sobre os quais dificilmente recaem suspeitas. “Tios, primos, avós, padrastos”.
A profissional que atua na área desde 2016 relata que muitas vezes a família percebe a mudança na criança, mas não vai denunciar por medo do processo e da exposição que é inevitável à vítima. “Mas quando vem a suspeita até o Conselho Tutelar sempre acolhemos a família, orientando da importância de sim denunciar, fazer o B.O., ir até a rede de apoio, investigar e dar atenção especializada para o caso”.
Sinais nas escolas
Sibele conta que muitos casos vêm à tona nas escolas, onde a vítima acaba demonstrando sinais de que alguma situação pode estar acontecendo. Mas destaca que com a pandemia se perdeu um pouco desse vínculo. “A subnotificação, infelizmente, é uma realidade de nossa cidade”.
Tudo o que uma vítima precisa é de ajuda
Tudo o que uma vítima precisa em momentos extremos, como nos casos de abuso sexual, é de ajuda. Denúncias podem ser feitas com segurança para o Conselho Tutelar, ao Cras, aos postos de saúde, Polícia Civil, Brigada Militar e nas escolas, inclusive de forma anônima.
“Podem ligar para o telefone fixo do Cras e nos relatar a situação. O que precisamos é o nome da pessoa que está sofrendo a violência e onde ela mora, é a informação principal”, explicou a assistente social Simone Peres. As próprias vítimas podem procurar por ajuda.
Os telefones do Cras são: 051 3567-2029 ou 051 99588-1058; denúncias também podem ser feitas diretamente ao disque 100; o contato da Polícia Civil é 051 98585-5792; situações de emergências devem ser encaminhadas à Brigada Militar pelo 051 99239-0286 ou 051 99600-5530.
O Cras dispõe de psicóloga que atende e acolhe as vítimas através de psicoterapia para tratar os traumas.