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Cientista de Picada Café tem estudo publicado em revista internacional

04/08/2020 - 10h25min

Harry Junior durante suas pesquisas em laboratório (Créd.: Divulgação)

Picada Café – O jovem cientista Harry Luiz Pilz Junior, de 26 anos, teve seu estudo sobre o combate às larvas do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya, publicado na mais conceituada revista do mundo sobre ciências naturais, a Scientific Reports, do Reino Unido. O cientista contou com a orientação da Dra. Onilda Santos da Silva, que tem como linha de pesquisas o controle de insetos transmissores de doenças.

O artigo é o resultado de sua tese de mestrado em microbiologia entre os anos de 2016 e 2018 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nele, basicamente, Harry mostra como as larvas podem ser combatidas causando nelas uma reação molecular em que o próprio organismo fará com que a larva morra. Como se elas desenvolvessem uma espécie de câncer. “Minha ideia foi utilizar novas moléculas para o controle das larvas”, contou.

Essas moléculas, além de matar as larvas, também eliminam microrganismos que vivem dentro delas, como bactérias que podem carregar consigo as doenças para outros mosquitos. Até o momento, todos os testes foram feitos em larvas criadas em laboratório, mas em breve começarão os testes em larvas que estão na natureza ou em recipientes encontrados nas casas das pessoas.

Objetivo

A ideia agora é seguir no desenvolvimento dos estudos em seu doutorado, no programa de Microbiologia Agrícola e do Ambiente, e conseguir produzir a molécula em grande escala para que vire um produto larvicida doméstico. Dessa forma, qualquer pessoa poderia aplicar em suas casas para ajudar no controle. Inclusive, em dezembro do ano passado, ele foi para a Alemanha conduzir suas pesquisas sobre o zika vírus. Lá, ele ficaria até junho, mas teve o retorno antecipado para março em função da pandemia do Covid-19.

Publicação

Harry conta que não se encontra no mercado nenhum tipo de larvicida como este, principalmente que faça relação com os microrganismos presentes nas larvas. E tendo o conhecimento da importância da Scientific Reports resolveu tentar a publicação. O artigo foi enviado, aceito e revisado por outros pesquisadores e, depois de algumas melhorias, foi publicado em novembro passado. “Foi uma realização! É muito bom um trabalho ser reconhecido por uma revista tão importante e, mais importante ainda, ser reconhecido pela população”, comemorou.

Soluções atuais

Enquanto o estudo de Harry não é concluído e, consequentemente, não torna-se um produto que possa ser aplicado domésticamente, ele afirma que a melhor forma para não contrair as doenças é a prevenção. A atual vacina contra a dengue tem apenas 60% de efetividade, e os métodos de controle ainda apresentam problemas, pois o mosquito é resistente e se adapta aos ambientes de forma rápida. Além disso, os produtos usados contra eles são tóxicos, inclusive para os humanos.

Harry Júnior durante estudo de campo em Três Cachoeiras (Créd.: Divulgação)

Em Picada Café, 24 focos do mosquito foram encontrados em 2020, mas com nenhum caso das doenças. Já em Nova Petrópolis, onde Harry nasceu, até 30 de junho haviam sido encontrados 74 focos positivos, um aumento de 61% em relação ao primeiro semestre de 2019. Para o coordenador da Vigilância Sanitária, Rafael Altreiter, esse aumento foi consequência da falta de chuvas no início do ano, pois muitos moradores quiseram garantir a água e mantiveram reservatórios como baldes e caixas com água parada, o que é muito propício para o desenvolvimento da larva.

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