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Com os jogos parados nos ginásios, ecônomos estão sem renda em Dois Irmãos
Dois Irmãos – Desde março, quando o governo do Estado impôs restrições para evitar a disseminação do covid-19, os ecônomos tem sido prejudicados com o fechamento dos ginásios. No município são mais de 20 espaços como ginásio, quadras e campos que estão sem jogos. Jorge Bauer é ecônomo do Ginásio Primavera desde fevereiro de 2019 e conta que a situação está difícil pois largou seu emprego onde estava há 6 anos e meio no setor calçadista para se dedicar ao ginásio. “Era para ser um ano bom. Os horários dos ginásios estavam sendo bem procurados. Mas tudo mudou. Dependemos dos horários das quadras e da venda da copa porque é nossa fonte de renda. Se seguir assim, vamos perder, no mínimo quatro meses. A Prefeitura podia estender os contratos e congelar os reajustes das horas de jogo e aluguéis. Também permitir a reabertura, mesmo com restrições e exigindo os cuidados de higiene para evitar a transmissão. Que pessoas com sintomas gripais não participem. Em todos os ginásios o pessoal está cobrando os ecônomos porque querem jogar. Não tem novos casos de covid-19 na cidade. Tem que entender a situação de cada um. Se a gente está ali é porque precisa pagar as contas. Esse é nosso sustento”. Jorge conta que tem dois filhos para criar (2 e 6 anos) e a esposa teve redução do salário na fábrica. Ele também está em busca de trabalho. Nos últimos meses a situação apertou e a sorte foi que amigos compraram parte dos produtos que estavam estocados e bebidas. Também fizeram doações.
“Fomos surpreendidos”
Há 36 anos atuando como ecônomo do Ginásio Santa Cecília, Aloísio Hansen (Hans), destaca que os prejuízos em estar com a quadra parada são grandes, mas também entende a necessidade de todos colaborarem com o isolamento social. “Na minha opinião, a classe dos locatários dos ginásio de esportes (ecônomos) foi surpreendida e prejudicada como toda a economia devido a pandemia do covid-19. A não liberação momentânea das quadras, devido às medidas de prevenção reflete diretamente no faturamento dos ecônomos, que utilizam o valor referente à locação da quadra (hora jogo) para custear, principalmente o aluguel e a fatura da energia elétrica. Com o distanciamento social bem aceito em Dois Irmãos, acaba não tendo muito acesso aos ginásios, consequentemente não há entrada e movimentação de dinheiro para a quitação das despesas. No entanto, quero agradecer a todas as pessoas que estão na linha de frente ao covid-19 por toda a dedicação e comprometimento, sem medir esforços para sairmos dessa fase de aprendizados da melhor e mais breve maneira possível”.
“Estou com aluguel e conta de luz atrasados”
“Para mim também está complicado. Eu tinha o ginásio e um trabalho em atelier de Dois Irmãos durante o dia. Agora estou parado com os dois. Estou com o aluguel da casa onde eu moro e a conta de luz atrasados. Alimentos eu tenho. Minha família me ajuda o que pode. Eu pedi para a Prefeitura liberar uma garantia que pagamos na hora de assinar o contrato, mas não responderam. Na verdade, não se importam. Eu estou procurando serviço de pintura ou ajudante de pedreiro, mas está difícil. No ginásio que eu cuido, tem muitos horários de vôlei, que não tem tanto contato, mas mesmo assim não liberam. Já venceu muitas coisas e para o mês que vem vai vencer mais a validade. Era para ser um ano promissor. Queria investir em algumas melhorias para o ginásio, mas com o covid-19 fiquei sem renda. Poderiam, então, dar uma flexibilizada. Pelo menos para alguns horários, sem muita aglomeração. Daí entraria uma renda. Tem muito mais pessoas nos bares do que nos ginásios. Não temos campeonatos”.
“Minha principal renda”
“Para mim, essa é uma situação bem complicada, assim como é para muitas pessoas de outras áreas. Além de não termos receita, ainda temos um valor em estoque que, caso não reabra os ginásios, em breve iremos perder devido aos vencimentos. A sorte é que eu tenho outra fonte de renda. Então acabo não sofrendo 100% com essa parada, mas a renda do ginásio era a principal”.
“Voltar à normalidade de forma gradual”
Cristian Baumgärtner é ecônomo do Ginásio Imaculada desde dezembro de 2018. “Tu vê tudo voltando à normalidade. Praças, bares e gente se exercitando, mas nós não recebemos autorização para reabrir. Estou perdendo as coisas que tinha para vender porque começam a vencer. O ginásio é minha principal renda mensal. Fui isento de pagar a mensalidade, mas preciso trabalhar. Nosso público não faz parte do grupo de risco. Estão abaixo de 50 anos. Acredito que está na hora de retomar aos poucos. As pessoas tem que ter consciência e quem faz parte dos grupos de risco fique fora desses locais. O município não tem novos casos e não vai ser o futebol a causa de um surto. São poucos os que estão parados na cidade”.
Departamento do Desporto
O chefe do Desporto, Sérgio Kroetz, reconhece que pandemia está proporcionando uma perda irreparável no que diz respeito às atividades esportivas. Certamente muitas competições serão canceladas por falta de datas para os jogos e também para reduzir gastos. Em relação à situação dos ecônomos dos ginásios, Sérgio afirma o município está em busca de soluções para tentar amenizar as perdas. Para isso, no caso dos seis ginásios municipais, isentaram nesse período a mensalidade que era paga pela concessão dos espaços. “Não queremos manter os ginásios fechados. Mas, por enquanto, a determinação estadual não permite que autorizemos essa retomada. Estamos trabalhando para rever essa questão”. Em relação aos campeonatos, “Vamos ter que priorizar os que já estão em andamento. Mas ainda não temos previsão de quando poderão ser retomados”. As atividades para os grupos da terceira idade são as que demorarão mais tempo para serem retomadas, como a hidroginástica e os jogos de câmbio.