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CORONAVÍRUS: a doença que assombra o mundo causa reflexos na região

31/01/2020 - 14h51min

Atualizada em 31/01/2020 - 14h53min

Região – Na virada de 2019 para 2020, um inimigo pequeno, astuto e potencialmente fatal começou a surgir nos noticiários do mundo inteiro. O coronavírus, cujo nome oficial é 2019-nCov, teve seu ponto inicial na cidade chinesa de Wuhan, com 11 milhões de habitantes, na província de Hebei.

No Brasil ainda não há casos confirmados de infecções pelo coronavírus. Tudo indica, porém, que isto é apenas questão de tempo, embora o cuidado tenha sido redobrado em portos e aeroportos. A região também ficou em alerta nos últimos dias, após casos suspeitos terem sido monitorados em municípios como São Leopoldo – um dos primeiros do Brasil – Novo Hamburgo e Dois Irmãos.

Até o momento, há nove casos em observação no país. Os pacientes gaúchos tiveram a suspeita descartada pelas autoridades. Para tentar frear o avanço do vírus, o Ministério da Saúde, que vem monitorando da situação diariamente, adotou protocolos comuns a este tipo de situação. Enquanto isso, pesquisadores trabalham na produção de uma vacina.

Dezenove países haviam registrado casos suspeitos até ontem, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) está em alerta. O governo brasileiro trata como suspeitos quaisquer pacientes que chegaram de locais de transmissão ativa, como Wuhan, em um período de até 14 dias, e que tenham manifestado ao menos um dos sintomas do novo vírus, a exemplo de febre, tosse ou dificuldade respiratória.

Laços do futebol com a China

Naturalmente, a região tem importantes laços com a China, em razão de o país asiático ser o principal parceiro comercial brasileiro. Empresas e moradores daqui têm se mudado para lá em busca de oportunidades, especialmente no calçado. Mas, em outras áreas cujos projetos de intercâmbio com os chineses têm sido firmados, o assunto tem sido observado.

Em julho de 2019, a Associação Sport Club Ivoti fechou uma parceria de cooperação com a Câmara de Comércio da Comarca chinesa de Shijiaquan-Pudong-Xangai para trazer dez atletas, de 14 anos de idade, a fim de realizar treinamentos no município. Conforme Sandro Blum, diretor-executivo do clube ivotiense, antes do surto, a vinda deles dependia apenas do visto, mas agora os planos podem mudar.

A chegada está adiada até que a situação do coronavírus esteja estabilizada”, afirma Blum. Ele esteve na China no ano passado e conduziu pessoalmente o encaminhamento do projeto com os gestores asiáticos.

Grupo de amigas quer adiar viagem

O surto do coronavírus também postergou os planos de viagem de férias de três amigas, duas de Ivoti e uma de Dois Irmãos, que iriam em fevereiro para a Tailândia, país vizinho a China no Sudeste Asiático. Por lá, elas passariam 17 dias, retornando no dia 4 de março. Sob condição de anonimato, as três disseram estar prudentes em relação à situação.

Elas fariam a viagem de Porto Alegre a São Paulo, com escala em Addis Abeba, na Etiópia (África), e de lá para Phuket, tradicional destino turístico tailandês. A Tailândia é, ao menos de acordo com o levantamento mais recente, o segundo país com o maior número de casos confirmados (14) de infecção pelo vírus.

Uma das amigas chegou a encaminhar um e-mail à companhia aérea pedindo que a viagem seja postergada. “A intenção seria aproveitar comidas diferentes, festas, sensações e experiências novas. O sentimento de medo não combina com isto. Infelizmente demos azar, mas não temos como prever uma catástrofe destas”, resumiu ela à reportagem.

Passagens para a Tailândia já estavam compradas quando surto da doença surgiu

Pelo lado das companhias aéreas, algumas delas suspenderam, nesta semana, parte dos voos para a China, como a American Airlines, British Airways e Lufthansa. Países como Rússia, Cingapura e Hong Kong estão fechando fronteiras com os chineses. Estados Unidos e Reino Unido, entre outras nações, organizam voos de evacuação a partir de Wuhan.

O Brasil orientou que viagens à China sejam feitas apenas em caso de extrema necessidade. Ainda na Encosta da Serra, os sócios de uma empresa distribuidora de equipamentos de impressão foram avisados de que uma das maiores feiras da indústria de comunicação visual do mundo, em Xangai, na China, havia sido adiada. O evento ocorreria em março. Esta empresa da região importa os equipamentos de Wuhan.

Pesquisadora diz que governo tem tomado medidas corretas

Bruna Reisdoerfer

A analista de Relações Internacionais e de Defesa e doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a ivotiense Bruna Reisdoerfer, comenta que os impactos têm sido grandes para o turismo a curto prazo. “Os principais pontos turísticos estão fechados e foram reduzidas as festividades do Ano Novo chinês”, afirma ela.

Esta tendência, porém, não deve permanecer por muito tempo, conforme a pesquisadora. “A circulação de pessoas voltará à normalidade tão rápido a transmissão do vírus seja controlada”, diz Bruna, opinando também que o governo chinês agiu rapidamente frente ao aparecimento dos primeiros casos e vem seguindo corretamente convenções internacionais para minimizar o surto.

 

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