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Coronavírus: virologista prevê “centenas de casos no estado” nas próximas semanas
Novo Hamburgo – O Rio Grande do Sul poderá ter um aumento de casos do novo coronavírus em semanas, conforme o professor da Universidade Feevale e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Fernando Spilki. O Diário realizou uma rápida entrevista com o profissional para entender como a dinâmica da covid-19, a doença causada pelo agente viral, poderá estar presente no cotidiano dos gaúchos.
Diário – Há alguns estudos que sugerem que o país pode ter 4 mil casos de coronavírus em 15 dias após o 50º caso. É possível prever esta dinâmica no cotidiano dos gaúchos ou da região?
Fernando Spilki – Provavelmente vamos sair da casa de unidades para centenas de casos nas próximas semanas no estado; já passamos de 100 casos agora no Brasil. Como as manifestações em muitos indivíduos é branda, devemos ter em breve uma circulação maior do vírus e também teremos circulação de influenza. É preciso que as famílias se preparem para resguardar, especialmente os idosos.
Intriga o fato de haver este aumento acelerado em poucos dias mesmo com as medidas tomadas por entidades públicas e privadas. Como isto é possível?
O perfil da epidemia tem se revelado muito diferente nos países ocidentais. As redes de relação entre as pessoas e as estruturas familiares devem propiciar uma dinâmica mais acelerada de transmissão. Desde o começo do surto na Itália ficou claro que o desafio dessa epidemia será grande. É hoje praticamente inevitável que enfrentemos a instalação da epidemia no Brasil.
Qual o fator que determina uma “virada de chave” entre uma doença passar de pandêmica para uma de circulação comum? É presumível que, daqui a algum tempo, o coronavírus faça parte do cotidiano, assim como aconteceu com a gripe H1N1.
Na verdade o vírus acaba se alastrando, causando imunidade nas pessoas, e com o tempo diminuindo o número de casos em virtude disto. E também tem um processo, muito mais lento, que é de adaptação dele. Com o tempo ele começa também a fazer mais infecções brandas.