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COVID-19: Saiba quanto tempo depois de tomar a vacina você estará imunizado

12/02/2021 - 07h52min

Angelina Ceratto recebeu a imunizacao em casa. (Foto: Daniela Moraes/ Prefeitura de Morro Reuter)

País – Especialistas alertam que o avanço da imunização contra a covid-19 no Brasil, ainda que a passos lentos, não deve resultar em descuido com medidas básicas de prevenção, como uso de máscara e distanciamento. Uma das razões para isso é que a aplicação da primeira dose do imunizante não garante proteção imediata — principalmente nos casos em que é necessário um reforço, como nos protocolos estabelecidos para a CoronaVac e para a vacina de Oxford, já disponíveis.

Mesmo depois da segunda injeção, ainda é preciso esperar pelo menos mais duas semanas até o sistema imunológico reagir. Como regra geral, a imunologista e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) Cristina Bonorino afirma que o organismo necessita de duas a três semanas após o término do esquema de vacinação para alcançar a proteção máxima.

Isso vale para modelos de duas doses, como nos casos de CoronaVac e Oxford, ou de uma, como no da Johnson & Johnson (ainda sem previsão de chegada ao Brasil, mas em teste no país), para produzir os anticorpos e atingir a eficácia prevista pelos ensaios clínicos.

No caso da CoronaVac, o intervalo entre as doses deve ser de duas a quatro semanas — a Secretaria Estadual da Saúde (SES) recomenda que sejam quatro. Assim, é necessário no mínimo um mês desde a primeira aplicação para o organismo atingir o maior nível de proteção.

O Estado já começou a aplicar o reforço das vacinas: o painel de monitoramento indicava que 1.525 pessoas haviam recebido a segunda carga do imunizante até as 19h30min desta quinta-feira (11). Esse grupo é formado por populações prioritárias que foram contempladas inicialmente na campanha estadual, como profissionais de saúde, idosos em asilos e indígenas. O Estado já repassou cerca de 701 mil doses aos municípios.

Se for seguido o intervalo de quatro semanas, é necessário pelo menos um mês e meio até os anticorpos chegarem ao nível esperado desde a primeira injeção. O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, lembra que não há estudos disponíveis sobre eficácia da CoronaVac com apenas uma dose.

— Só temos dados disponíveis do esquema completo de vacinação — diz Cunha.

O especialista lembra ainda que uma vacina nem sempre consegue evitar a infecção, embora seja fundamental para conter as formas mais graves da doença. Por isso, é importante manter todos os cuidados, como uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento mesmo depois de repetir a aplicação.

— Isso deve se manter até conseguirmos atingir a imunidade coletiva — afirma o presidente da SBIm.

No caso do imunizante de Oxford, a SES informa que o intervalo recomendado é de 12 semanas entre as aplicações. Assim, com pelo menos mais duas semanas após a última dose, são necessários três meses e meio para os anticorpos atingirem o nível mais alto de proteção.

Para o produto de origem britânica, porém, há estudos indicando que a primeira aplicação já oferece 76% de eficácia depois do 21º dia. Com o reforço, sobe para 82%, conforme estudo publicado neste mês na revista The Lancet.

Prazos e eficácia

Coronavac

  • Intervalo entre as doses: duas a quatro semanas. Preferência para quatro semanas.
  • Eficácia após uma dose : indeterminada.
  • Eficácia após duas doses: 50,4% (geral), podendo chegar próximo de  70% com intervalo de pelo menos três semanas.

Oxford

  • Intervalo entre as doses: 12 semanas.
  • Eficácia após uma dose: 76% (depois do 21º dia)
  • Eficácia após duas doses: 82%.

Administrador teve covid-19 leve após vacina

O administrador de logística internacional Sérgio Carvalho, 43 anos, é um exemplo de que a imunização não deve levar ao descuido com medidas preventivas. O morador de Porto Alegre tomou as duas doses da vacina de Oxford como voluntário do estudo realizado pelo Hospital de Clínicas — a primeira em outubro, a segunda em novembro.

Ainda assim, na sexta-feira passada (5), sentiu congestão nasal e dificuldade para identificar cheiros. Entrou em contato com o hospital, fez exames e descobriu que estava com covid-19. Isso pode ocorrer porque a eficácia dos imunizantes não chega a 100% — ou seja, uma parcela de quem se vacinou ainda pode contrair a doença.

Carvalho acredita, porém, que a imunização reduziu o impacto da covid-19 sobre o seu organismo e garantiu uma recuperação-relâmpago.

— Percebi os sintomas na sexta-feira, mas sábado de noite eu já estava me sentindo muito melhor. Só compareci ao hospital no domingo porque já estava agendado. Hoje estou normal — conta o administrador.

Embora viva com a mulher e dois filhos pequenos, mais ninguém se contaminou. Estudos indicam que o imunizante de Oxford é capaz de reduzir em 67% a transmissão do vírus.

* Com informações de GZH.

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