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Covid-19: Variante de Manaus, mais transmissível, é detectada pela primeira vez em Ivoti
por Felipe Faleiro
Ivoti – Pela primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19, o município registrou a ocorrência da variante P.1 do coronavírus, também conhecida como “variante de Manaus”. O estudo foi publicado na última sexta-feira, 16, pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), ligado ao governo do estado. É o primeiro município da região com este registro oficial.
A P.1 já foi registrada em 22 estados brasileiros, e é a que mais circula atualmente no RS. Segundo o relatório, ela tem capacidade muito maior de transmissão e ainda outro aspecto preocupante, conforme estudos recentes: a P.1 seria capaz de infectar novamente algumas pessoas já recuperadas da Covid-19, “driblando” eventual resposta imune criada pelos anticorpos no organismo.
O estudo é o quinto já publicado em 2021, e vai prosseguir. As variantes, em geral, preocupam por representar mutações do coronavírus, cuja maioria está concentrada na proteína Spike, responsável por identificar as células humanas e abrir caminho para uma infecção. Os anticorpos, também os produzidos por vacinas, precisam atuar na Spike para poder combater o vírus.
Efeitos na região
A descoberta da P.1 na Encosta da Serra não é recente, de acordo com o professor da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica.BR, Fernando Spilki. “A variante chegou na região no final de janeiro, e as pessoas já puderam ver os efeitos disto. Esta terceira onda da Covid e toda sua magnitude estiveram relacionadas com esta variante”, diz Spilki.
“Essa situação atual é muito mais efeito da circulação de pessoas, porque a P.1 já está aqui há tempo”, observa Spilki. Também de acordo com ele, o governo do estado pretende divulgar mais dados e com maior precisão nos próximos dias. A detecção da variante de Manaus somente foi possível porque é feito um teste PCR diferencial, capaz de determinar a cepa contaminante.
A bióloga Tatiana Schäffer Gregianini, é a responsável pelo diagnóstico de vírus respiratórios no Laboratório Central do Estado (Lacen), vinculado ao CEVS. “Há estudos mostrando que os anticorpos produzidos pelo paciente são eficazes para combater a P.1, mas nem todos eles produzem resposta imune suficiente após contato com o vírus”, relata ela, também uma das autoras do estudo, que pode ser lido na íntegra neste endereço.