Conecte-se conosco

Destaques

Crise revela diferenças entre os preços da gasolina e gás de cozinha na região

09/06/2020 - 11h43min

Botijões de gás em Ivoti: preço do produto pode até cair

Ivoti – Os consumidores de combustíveis já devem ter notado que, nas últimas semanas, abastecer com gasolina passou a doer mais no bolso. E isto deve continuar, já que a estatal anunciou novo reajuste de 10% no preço praticado nas refinarias a partir de hoje. Se o combustível está – e vai ficar mais caro –, outro mercado não sentiu tanto os efeitos da pandemia: o de gás de cozinha.

A reportagem percorreu alguns postos, bem como distribuidores, para sentir esta gangorra nos preços. Ambos os itens representam parte considerável do dia a dia da população, cada um à sua maneira: o gás é fundamental para quem cumpre o isolamento social e permanece em casa; a gasolina é importante a quem precisa sair de seu lar e utiliza o automóvel.

No Posto Socaltur, um dos responsáveis pelo posto em si, Jorge Miguel Krein, diz que o movimento de veículos ainda não normalizou, mas que as vendas vêm melhorando nas últimas semanas. “As pessoas estão se movimentando mais, saindo mais de casa. Estamos próximos do normal. Já tivemos um retorno de cerca de 75% no público que abastecia antes aqui”, afirma ele.

João Dal’Aqua, presidente da Sulpetro

Sulpetro relata impacto na gasolina

No contexto geral, porém, o impacto foi significativo. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do RS (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, afirma que o consumo de gasolina de cerca de 50 a 60% na capital e 30 a 40% no interior do Estado. “O segmento tem como características margens baixas e alto giro de produto”, comenta ele.

Este mercado arriscado já causou reflexos em muitos estabelecimentos, que encerraram as atividades durante a pandemia em função do achatamento das margens de lucro. É um processo que vem desde 2016, quando a Petrobras mudou a normativa de precificar os preços dos combustíveis. “Agora, com a pandemia, os reflexos deverão ser severos também”, comenta Dal’Aqua.

Gás de cozinha teve aumento no consumo

Em relação ao gás de cozinha, houve aumento no consumo residencial e de queda expressiva nas indústrias, de acordo com distribuidores ouvidos pela reportagem. “A diminuição foi em torno de 60% nas vendas para empresas e um aumento de cerca de 30% para as residências”, comenta o distribuidor Vilmar Farias, que trabalha há 26 anos no ramo.

“O pessoal está mais em casa, consumindo mais. O período de inverno também faz com que haja mais consumo do gás de cozinha. No frio, as vendas geralmente aumentam também cerca de 30%”, explica ele. Quanto aos preços, não houve grandes variações, ao menos na distribuidora gerida por Farias, que fica no bairro Morada do Sol.

Queda no gás vem de antes da pandemia

Mas nem sempre foi assim. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), os preços vinham em queda desde o começo do ano, e inclusive no mês de abril, quando a maioria dos locais já vivia o período de quarentena. No Rio Grande do Sul, o preço do produtor do GLP sem impostos caiu de R$ 30,37 o botijão de 13kg em janeiro para R$ 22,15 em abril.

Já o preço final ao consumidor gaúcho variou de R$ 70 o botijão em janeiro para R$ 69 em abril. “Os dados mais recentes apontam crescimento de 5,6% no consumo dos botijões de 13kg de janeiro a abril, e de 9% nos últimos doze meses”, relata o presidente do Sindicato das Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em Geral do RS (Singasul), Ronaldo Tonet.

Ele concorda com o fato de que o aumento de pessoas em casa reflete no consumo, o que vem ao encontro do crescimento relatado pela ANP. “Além da permanência em casa e do frio, temos um terceiro fator, que é o auxílio emergencial de R$ 600. No caso da população mais carente, o valor é utilizado para a compra de alimentos e gás de cozinha, que é um item prioritário”.

Por isso, segundo Tonet, a variação nos preços vai depender da demanda dos próximos meses, ainda considerando que há 5 mil distribuidores de gás no Estado, mas que não estão distribuídos de forma igual em todos os municípios. “O preço do gás não é tabelado. Se há oferta e o mercado está disputado pela concorrência, pode haver queda de preços entre um distribuidor e outro”, diz ele.

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.