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Dedé Santana celebra parceria com diretor de Picada Café

27/12/2021 - 16h41min

Cinema uniu ídolo e fã, tornando-os colegas de profissão (Créd.: Divulgação)

Picada Café – O diretor de cinema Rodrigo Castelhano, morador de Picada Café, está em produção de dois filmes, um curta e um longa-metragem, com o ator e comediante Dedé Santana, o famoso integrante dos Trapalhões. As produções são uma parceria entre a Faro Models SC e Núcleo Set Produções (de Castelhano), e foram gravadas em agosto, em Balneário Camboriú, cidade onde ocorreu o primeiro encontro entre ator e diretor. Antes disso, os dois haviam trabalhado no filme “Meu Pai é Figurante” e “Pura Ficção”. Este último gravado em Nova Petrópolis e Picada Café.

O primeiro é um curta-metragem chamado “Meu Mar Meu Sol”, com produção, roteiro e direção de Castelhano, e Dedé Santana, Yasmin Santana (filha de Dedé), e Vanessa Garcia no elenco. Na história, Yasmin é Marisol, uma menina que perdeu os pais em um acidente de carro, mas herdou deles a paixão pela poesia. “O filme tenta fazer uma descrição poética dos pensamentos e das reflexões de Marisol. É uma história bem sensível, bem bonita”, explica o diretor. No filme, Dedé faz o avô de Yasmin.

Dedé e Castelhano nas gravações de Pura Ficção (Créd.: Divulgação)

O outro é o longa-metragem “Eu e Minha Bicicleta Esmeralda”, também com produção, roteiro e direção de Castelhano e participação especial Dedé e Mia Maia. Este filme fala sobre como os adolescentes de hoje acabam deixando de ter experiências e atividades físicas pelo fato de viverem somente com aparelhos digitais. Neste, Dedé também faz um avô que presenteia seus netos, um casal de gêmeos, no aniversário de 15 anos. Para o garoto, ele dá um celular, já para a menina, ele compra uma bicicleta, que era sua paixão na infância. E então começam os conflitos. “Aí entra numa história muito legal que vai emocionar muito”, comenta Castelhano.

Os dois filmes têm previsão de lançamento para março de 2022.

“Eu sou conhecido, não sou celebridade nenhuma”

Dedé Santana, entre uma viagem e outra de trabalho, ainda muito ativo, reservou um tempinho para conversar com a reportagem do Diário enquanto aguardava seu voo na área de embarque do aeroporto. O Eterno trapalhão, que possui centenas de trabalho entre cinema, televisão, peças de teatro e circo, afirma que ele é alguém apenas “conhecido”, e não famoso ou celebridade. Solícito, contou como iniciou sua história com o diretor.

“Eu tava morando em Itajaí, ao lado de Balneário Camboriú, e o Rodrigo foi lá fazer o filme com a Faro Produções. E foi o primeiro filme da minha filha também, Yasmin. Tinha um papel em que ela seria minha neta, e eu aceitei fazer. E não me arrependi, porque surgiram vários frutos com esse filme que eu não pude cumprir por causa do meu tempo”, conta Dedé.

No entanto, a linda história entre os dois começou muitos anos antes, em um roteiro digno de filme.

Primeiro filme e fuga de casa

Aos cinco anos, em 1985, o pequeno Rodrigo e sua avô, de 65, foram ao cinema pela primeira vez. Estavam sentados bem na frente e Rodrigo assistiu todo o filme no colo dela, olhando para cima. O filme era “A Filha dos Trapalhões” e conta a história de uma menina que perdeu os pais e passou a ser criada por Dedé, Didi, Mussum e Zacarias. Rodrigo se identificou com a menina porque ele também cresceu sem conhecer o pai e, após sair do cinema, tomou uma decisão que mudaria sua vida.

“Eu fiquei encantado. Naquele dia, alguma coisa mágica aconteceu dentro de mim e eu saí dali dizendo que faria cinema, seria ator e, principalmente, faria um filme com os Trapalhões”, relembra. Na época, o menino morava em um barraco sem televisão e sem saneamento básico, ainda assim, estava decidido. “Comecei a sofrer bullying na escola, na família, havia muita descrença. Não tinha muito espaço pra esse tipo de sonho. Mas minha avó sempre me apoiou, devo muito do que me tornei como artista e como pessoa a ela”, conta.

Ator e diretor trabalham juntos há anos (Créd.: Divulgação)

Aos nove anos, quando os Trapalhões lançaram um álbum dos 25 anos de carreira, Rodrigo decidiu fugir de casa. O destino era a RA Produções, no Rio de Janeiro. Pegou um sanduíche de pão caseiro feito pela avó, um achocolatado e uma banana, pôs numa mochila e foi para a rodoviária de Porto Alegre tentar se esconder entre as bagagens de algum ônibus para o Rio. “Eu pensei: vou chegar na RA, me apresentar e minha vida vai mudar, vou trabalhar com os Trapalhões”. A fuga não deu certo e o menino voltou para casa.

Início da profissão

Castelhano começou no teatro aos 14 anos. Com 15, escreveu o primeiro roteiro, fez o primeiro filme e inscreveu no Festival de Cinema de Gramado. Aos 19, desembarcou em São Paulo para trabalhar com Wolf Maia. “Trabalhei entre Rio e São Paulo por quase dez anos. Fiz muita coisa, ganhei muito prêmio, diversos filmes, me profissionalizei como diretor de ator, diretor de cena, como produtor. Mas ainda não tinha feito filme com os trapalhões”, relembra.

De volta ao Rio Grande do Sul, participou de um projeto social chamado “Alvoroço em Alvorada” e depois rumou para Balneário Camboriú para fazer o filme “Meu Pai é Figurante”, com roteiro de Evandro Berlesi. O longa tem a participação do músico Armandinho, que mora em Itajaí. E foi através dele que o roteiro chegou para Dedé Santana, que aceitou participar.

Rodrigo Castelhano encontrou o ídolo, contou sua história, que emocionou o Trapalhão, e a parceria surgiu.

Dedé Santana em Pura Ficção (Créd.: Divulgação)

“O Rodrigo me deu muita sorte em questão de trabalho”

Ao aparecer em “Meu Pai é Figurante”, Dedé recebeu proposta até para uma série da Netflix, onde faria dupla com Sidney Magal, mas por conta de sua peça “Palhaço”, em que se apresenta nas sextas e sábados em Ribeirão Preto/SP, ele não pôde aceitar. “Outro fruto que ‘Meu Pai é Figurante’ me deu, foi que uma produtora do Rio vai fazer um filme chamado ‘O Poderoso Chefão, ou quase’, é uma sátira. Eles me viram nesse filme e me convidaram para fazer o papel do Marlon Brandon. Então o Rodrigo me deu muita sorte em questão de trabalho, e todo mundo que viu o filme gosta muito. Agora ele me convidou para fazer um novo filme, e eu aceitei”, disse Dedé.

O Trapalhão também disse gostar muito de trabalhar com Castelhano, porque ele é “completo”, sabendo de tudo. “Ele sabe dirigir o ator, ele monta, escreve. A direção de ator dele é muito boa, eu fico tentando captar as coisas que ele me fala ‘Dedé, aqui você faz isso, fala mais assim…’, procuro fazer o que ele fala porque ele é muito bom”, elogia.

Amor pelo Rio Grande do Sul

Dedé diz que é palhaço, mas não é bobo. Pois ele se casou com Cristiane Bublitz, a primeira rainha da Oktoberfest de Santa Cruz do Sul, filha de alemães. “Gosto muito da cultura alemã, acho um povo muito sério, muito correto. Meu nome verdadeiro é alemão, Manfred”. Por isso, também nutre um carinho muito grande por Nova Petrópolis, Picada Café e região, onde gravaram “Pura Ficção”. Além disso, ele diz que o RS foi o Estado que mais ajudou o circo no Brasil durante a pandemia. “Eu sou embaixador do circo. Isso me deixa muito feliz. O circo hoje vive tempos muito difíceis, a gente trabalha hoje para comer amanhã, e eu não gostaria que o circo acabasse”, explica.

Outros projetos e A Praça é Nossa

Fora os filmes com Castelhano, Dedé busca começar um projeto social em Niterói, no Rio de Janeiro. Pela manhã, a exibição de um filme dos Trapalhões dirigido por ele. À tarde, um espetáculo circense, também dirigido por ele. E à noite, a peça “Palhaço”. Três espetáculos no mesmo dia, tudo dentro de um circo e gratuito para as crianças dos colégios.

Na TV, Dedé faz A Praça é Nossa, com Bananinha, do Comando Maluco. “Recebi esse convite do Carlos Alberto de Nobrega que é muito meu amigo, e tô gostando muito. Fui fazer uma vez, acabei gostando e continuei”, conta. Aliás, foi ele quem indicou o ator Cris Pereira, de Estância Velha, para o programa. “Eu liguei para o Carlos Alberto e indiquei, acho ele fora de série. Gosto muito do Jorge da Borracharia, aquele jeito, ‘gosto, gosto’”.

Por fim, disse ser privilegiado por ter pertencido aos Trapalhões e poder levar o humor circense pra televisão. E ainda exaltou mais uma vez o diretor Castelhano. “Fiquei muito sensibilizado com a história do Rodrigo. A história dele começou com o Dedé, e agora ele tá dirigindo o Dedé, e foi com ele o primeiro filme da minha filha” finalizou.

Pura Ficção e outros filmes de Rodrigo Castelhano podem ser conferidos no Prime Video.

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