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Delegado diz que Alvarenga busca “alternativas pra se defender de qualquer forma”
Nova Petrópolis – Em depoimento prestado na manhã de quarta-feira, 23, Fábio Silva de Alvarenga, acusado por feminicídio, negou o crime e disse que foi torturado pela Polícia Civil e forçado a confessar o assassinato. O delegado Fábio Idalgo Peres afirma que nada disso foi feito e que o réu é uma pessoa que busca alternativas pra se defender de qualquer forma.
“O inquérito não se baseia apenas na confissão. Ele foi indiciado pelas evidências existentes. A confissão é um elemento de convicção, mas não o principal. Foram dois depoimentos em sede policial, e os dois dissonantes. Prevíamos que o terceiro também seria”, disse o delegado.
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Diante das acusações de Alvarenga, Peres respondeu que nenhum preso é transportado ou conduzido ao sistema prisional sem realizar um exame médico. “Ele foi submetido duas vezes, ao sair de São Paulo e ao ser encaminhado ao presídio. E esses exames de jeito nenhum mostram qualquer tipo de lesão”, afirmou.
O preso também disse que durante seu translado para Nova Petrópolis, foram cerca de 26 horas de viagem sem receber água. O delegado também rechaça a alegação, ressaltando que Alvarenga foi tratado muito cordialmente. “A viagem é longa, são quase 1.000 km feitos de veículo, e ele veio na condição de preso (algemado no porta-malas). Mas ele foi levado ao banheiro, foi dado água e alimentação”. As imagens do momento em que Alvarenga sai da viatura policial em Nova Petrópolis mostram com ele uma garrafa de água e um pacote de bolachas.
Direitos assegurados
Peres contou que Alvarenga tem ódio dele, mas que não se apega a esses fatos. Além disso, concorda que o acusado tem o direito de falar o que quiser e expor sua versão, mas que todas as circunstâncias são apuradas. “Todos os depoimentos foram assegurados, inclusive o direito ao silêncio e o direito ao advogado. Tudo em audiovisual. Ele tem direito a alegar o que puder em favor de sua defesa”.
Momento da prisão
Um dos momentos em que Alvarenga alega a tortura, foi em sua prisão. “Fiquei com um galo na cabeça por causa de uma arma”, disse no depoimento. O delegado explicou que a prisão ocorreu em conjunto com a Polícia Civil de São Paulo em uma pensão com mais de 50 quartos em um local perigoso. “Logo depois ele foi submetido ao exame de corpo de delito. Tudo dentro da legalidade, a integridade dele sempre foi preservada”, afirma.
Vídeos e fotos do momento de sua prisão, mostram Alvarega sem qualquer sinal de violência sofrida.
Investigações esgotadas
Por fim, Peres relatou que todas as investigações foram esgotadas, resultando no indiciamento de três pessoas; Alvarenga por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e furto; um segundo homem por favorecimento real, por manter Alvarenga informado sobre as ações da polícia; e uma mulher, que comprou a televisão furtada, por receptação. “Nunca houve nenhuma negociata, troca de favores, nada usado para a confissão. Em vídeo, ele dá detalhes de como procedeu. E a confissão não está só no depoimento, está em interceptação telefônica. Foram eliminadas todas as outras alternativas”, concluiu.