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“Deus me deu uma segunda chance para viver”, diz professora de Herval

28/07/2020 - 09h33min

Suzana com parte da equipe no dia da alta no Hospital Ernesto Dornelles (Cred. Arquivo Pessoal)

Por Melissa Costa

Santa Maria do Herval – Foram 19 dias internada, sendo 13 na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A professora Suzana Dolores Closs Boeff, 53 anos, testou positivo para a Covid-19 após sentir dores de cabeça e febre. Os primeiros sintomas ocorreram no dia 23 de junho e, em poucos dias, já estava internada na UTI e sendo intubada pela equipe médica do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre. O quadro de saúde de Suzana se agravou, chegando a correr risco de morte. Ela foi diagnosticada com embolia pulmonar nos dois pulmões, o que a deixou ainda em estado mais crítico no hospital. “Logo que senti os sintomas, desconfiei que poderia ser o novo coronavírus. Procurei o Ambulatório Municipal e, após esperar os dias para poder fazer o exame, fizemos”, conta Suzana, que recebeu alta e já se recupera em casa, aos cuidados da filha Muriel Closs Boeff.

CANSAÇO E DIFICULDADE DE RESPIRAR 

Após a febre, Suzana passou a sentir cansaço extremo e dificuldade para respirar. “Já estava com sofrimento nos pulmões e a indicação foi a internação. Logo fomos para o hospital e entrei direto para a UTI”. O maior medo de Suzana era precisar ser intubada, o que ocorreu no dia seguinte da internação. “Meu maior medo era ser intubada e não voltar mais. Tinha medo de morrer. Então, a equipe me explicou que o melhor para minha saúde era aceitar o procedimento”, relembra a professora, que ficou 11 dias sedada e outros dois dias consciente, ambos intubada. Aos poucos, seu organismo foi reagindo e, ao sair da UTI, ficou mais seis dias no quarto em recuperação.

“Quero fazer um alerta a todos: o vírus existe e pode ser grave demais”

Suzana tem comorbidades que lhe colocavam no grupo de risco. Com sobrepeso, pressão alta e diabetes, ela sempre tomou todos os cuidados indicados. Não estava trabalhando e só saía de casa quando necessário e usando máscara. “Mesmo assim, contraí o vírus e fiquei entre a vida e a morte. No dia que recebi alta, os médicos disseram que cheguei em um estado tão grave que tinha mais chances de morrer a sobreviver”. Suzana pede que a população acredite no vírus e que também tome todos os cuidados. “As pessoas precisam se conscientizar. Ficar em uma UTI não é apenas estar ‘dormindo’ e recebendo medicamentos. É muito grave e a qualquer momento pode ocorrer o pior”. A própria recuperação, segundo a professora, é lenta e dolorida. “Nos seis dias que fiquei no quarto, precisei de ajuda para tudo e, agora, em casa, também preciso. Logo vou começar a fisioterapia pulmonar e motora”, conta a professora.

 

“Ficar à distância e sem tantas notícias é o pior”, diz filha

<10> Muriel e o marido, o enfermeiro Eder, também foram diagnosticados com Covid. Muriel com sintomas mais leves, no entanto, Eder quase precisou de internação. “Logo depois que a mãe ficou doente, nós também passamos a ter sintomas”. Hoje, os três estão curados. Por protocolos de saúde, os pacientes não podem receber visitas. “Ficar à distância e sem tantas notícias é o pior de tudo. O médico falava com nós uma vez no dia”, conta ela. A angústia de estar longe e receber notícias que a mãe estava piorando, foi algo que deixou Muriel ainda mais preocupada e com medo. Sem conter as lágrimas, ela recorda os dias difíceis. “É difícil demais, a pouca informação e não poder estar ao lado é o que mais nos faz sentir”. Quando Suzana foi transferida para o quarto, Muriel lhe cuidou pelos seis dias. “Eu já estava curada e pude ficar isolada com ela no quarto. Era cansativo o cuidado, mas estar ao lado dela e ver que estava reagindo, valia todo o esforço”.

AGRADECIMENTO

Suzana faz questão de agradecer a todos que lhe ajudaram no hospital de Porto Alegre e no ambulatório de Herval, assim como todos que rezaram pela sua vida. Em especial, ela destaca os médicos da sua cidade, Mauro Billodre e Isabel Crivelatti, e ao genro e enfermeiro Eder. Sobreviver a dias tão difíceis, despertou na professora ainda mais sentimentos de gratidão pela vida. “Deus me deu uma segunda chance para viver. Passar por tudo isso também nos faz repensar sobre como estamos vivendo e hoje sei que preciso me dedicar mais a mim”.

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