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Diário da 3ª Idade: Ela não para e aos 85 anos ainda trabalha no meio rural

09/07/2021 - 10h18min

Atualizada em 09/07/2021 - 10h20min

Uma das atividades que ocupam o tempo de dona Anny é debulhar o milho para tratar as galinhas

Lindolfo Collor – A vida ativa da agricultora Anny Fick, no auge dos seus 85 anos, permanece até os dias de hoje, apesar de alguns problemas de saúde enfrentados por ela na coluna e na audição. Ela casou com Anildo Fick quando tinha 18 anos e ele 29.
O marido veio a falecer em 1993, quando tinham 40 anos de união. A distância das amigas e dos encontros da terceira idade, ela supera com diversas atividades. Antes da pandemia ela participava do Grupo de Idosos da Prefeitura e também do Clube de Mães da Ordem das senhoras Evangélicas (Oase), eventos dos quais tem saudade.

Criação de peixes

A rotina envolve os cuidados com a horta, com os chás, debulhar milho, tratar as galinhas, plantar flores no entorno da casa, na rua Rudolfo Behne, e ainda tirar tempo para pescar no açude da família, onde tem carpas e tilápias. Depois ela solta os peixes de novo na água, para deixarem eles seguir o curso da vida.
Anny e o esposo criaram três filhos: Liani, Ernani e Luciano. O filho Luciano e a nora Indianeli Fick têm a filha Valentina, de sete anos, que serviu de modelo para um caderno especial feito pelo jornal O Diário. E é Valentina quem acompanha a vovó na busca de ovos no galinheiro existente na parte de trás da casa, com todo o cuidado para não quebrar nenhum ovo.
A pequena também gosta de auxiliar na hora de debulhar o milho para tratar os animais. É como se fosse uma brincadeira, para ocupar o tempo de ambas. “Eu faço uma linha no meio da espiga e aí fica mais fácil para ela debulhar o milho”, explica com sabedoria, dona Anny.
 

Família tinha mato de acácia e plantava frutíferas

Dona Anny é natural da 48 Baixa, quando o município de Lindolfo Collor era a antiga Picada Capivara. Filha de Alfredo e Amélia Robinson, e integrante de uma família de oito irmãos, a idosa lembra que plantavam aipim, milho e tinham algumas cabeças de gado.
“Antigamente as verduras e o carvão produzidos na nossa propriedade eram vendidos para um verdureiro da localidade, o Eugen Behne (falecido em 2019)”, lembra a moradora, sobre o pai do atual prefeito, Gaspar Behne, e que comprava produtos dos colonos e revendia.
Ela lembra que havia bastante frutas na propriedade familiar, laranja, limão, bergamota, leite e milho para tratar os animais. O pai também plantava aipim, que era para uso da família, e se vendia o que sobrava dessa produção. Segundo ela, naquele tempo era a única renda.

   

 

 

“Hoje eu planto de tudo”

A moradora tem no seu jardim as orquídeas sapatinho, entre outras, e as flores onze e meia, azaleias, gérberas, manacás e camélias. Na horta tem chás de camomila, poejo, espinheira santa, alecrim e capim cidró. “Eu hoje planto de tudo”, conta ela feliz.
A família continua com a produção de acácia, que é vendida para a empresa Seta, de Estância Velha. Mas tem a produção de couve, repolho, laranjas e bergamotas. E faz 50 anos que dona Anny reproduz a semente do pepino tipo caipira, que é utilizado para conserva e tem fregueses fieis.

Cortar lenha é uma atividade

“Eu sempre gostei de trabalhar na roça, e até hoje eu racho lenha com o machado e com serrote, e é aqui que eu tenho minha ocupação nesse tempo de pandemia”, comenta Anny. Ela lembra que os tempos de infância não eram fáceis, não existiam os brinquedos que existem hoje, mas as brincadeiras eram pega-pega, lex, entre outras.
“Quando o lápis estava bem gasto, era pequeno, lembro que o meu pai fazia um cabinho com bambu para nós continuar usando” diz ela, recordando ainda que tinha que caminhar cerca de três quilômetros para ir à escola na Igreja Evangélica da 48 Baixa. A saudade continua, de ir aos cultos e rever amigos, até que tudo volte à normalidade.

 

Crédito das fotos: Cândido Nascimento

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