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Diário da 3ª Idade: Fé e gratidão levam Celia a fazer primeira tatuagem aos 64 anos
Homenagem a Nossa Senhora é por graça alcançada
Por Leila Ermel
Ivoti – Realmente não existe idade e nem tabus que se mantenham acima da vontade de realizar um sonho. E quando esta vontade vem seguida de muita fé, gratidão e atitude, é claro que as coisas se realizam. Este é o caso de Celia Aparecida Leidnens, de 64 anos, que no dia 14 de julho realizou um dos seus maiores sonhos, fazer sua primeira tatuagem. Para muitos pode parecer algo desnecessário, ainda mais nesta idade, mas para ela é um motivo de satisfação e orgulho, pois a imagem escolhida foi de Nossa Senhora Aparecida, de quem é devota e grata por várias graças alcançadas.
Celia é uma senhora muito simpática, ativa e que vive a família. Já trabalhou por vários anos na cozinha do Hospital Municipal de Estância velha, onde fez grandes amizades, entre elas com Jane da Silva e Rose. Há cerca de 6 anos, elas tinham combinado de fazer uma tatuagem igual, a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Decidida, ela tinha tudo pronto, mas um imprevisto com a neta a fez usar o dinheiro para ajudá-la, porém as amigas fizeram o combinado.
A vontade e aquela ideia de cumprir este projeto com as amigas ficou martelando no pensamento de Dona Celia. O desejo de fazer sua primeira tatuagem permanecia. Mesmo com algumas opiniões contrárias, alguns comentários negativos e de certa forma preconceituosos, ela pensou bem, decidiu ouvir seu coração e deixar sua fé e gratidão pela Nossa Senhora falar mais alto. Tanto que em 14 de julho deste ano marcou seu horário com o tatuador Mineiro Tatoo e decidiu gravar na pele toda sua devoção e fé pela protetora.
Dona Célia no estúdio do tatuador Mineiro
Família apoiou
Viúva há 7 anos, criou 4 filhos e tem três netas de quem fala com muito carinho, Cassia, Ana Carolina e Natália. Moradora de Ivoti há 20 anos, seu último trabalho foi com o Odair, do Boliche de Ivoti, que acabou fechando as portas em virtude da pandemia. Com isso, sua vida se resumiu a viver em casa, com precaução e cuidados, se mantendo sempre em contato com as netas. “Assim que a pandemia passar quero começar novos projetos, fazer atividades no Centro de referência da Mulher e voltar a interagir com as pessoas”, ressalta.
Questionada sobre qual a reação da família sobre sua decisão de se tatuar aos 64 anos, ela disse que as netas apoiaram de imediato, e os filhos foram aos poucos aceitando sua decisão. “Afinal é minha conta, é minha vida, é meu dinheiro. E eu, apesar de ter pensado por muito tempo sobre os que os outros iriam dizer, decidi meu coração e minha fé falarem por mim”, afirma.
Graça alcançada
Ao chegar em sua casa, muito bem cuidada e decorada, chamou a atenção de nossa reportagem a quantidade de imagens de Nossa Senhora Aparecida, reforçando sua devoção e fé. Ao falar disso, Celia se enche de alegria e de emoção ao dizer que tudo na sua vida foi conquistado com a graça de Nossa Senhora. “A minha decisão em escolher esta imagem para tatuar foi por uma grande graça alcançada, a minha casa. Morei muitos anos de aluguel e sempre pedia para Nossa Senhora me ajudar, me dar uma luz para conseguir minha própria casa. E com muito esforço e trabalho, consegui”, recorda.
Nova tatuagem
Para quem pensa que a Dona Celia ficou satisfeita em realizar seu sonho e parou por aí, está muito enganado. Ela já está se programando para fazer sua próxima tatuagem no próximo mês. Ainda está definindo qual será. “No mês que vem vou fazer a próxima, quero colocar umas palavras, uma frase bem bonita, que faça sentido para deixar uma bela mensagem que me acompanhe”, afirma.
A arte de tatuar todas idades
O tatuador Fabiano Alves, da Mineiro Tattoo, de Ivoti, destaca que hoje o tabu sobre a tatuagem, o preconceito já foi derrubado e as pessoas de maior idade estão se permitindo tatuar. “Hoje as pessoas já estão vendo a tatuagem com a arte que ela é. Já tatuei várias pessoas acima de 60 e 65 anos. A mais idosa que tatuei pela primeira vez foi com 73 anos.
Pessoas acima dos 30 anos, são o público do profissional, e cerca de 20% são pessoas acima de 60 anos. Atualmente a tatuagem passou a ser vista como forma de expressão, de arte, como uma maneira de simbolizar na pele questões importantes, que marcam a vida das pessoas que optam por esta atitude.
O profissional tatuando a cliente Nadir, aos 73 anos
Mineiro fez a tatuagem de Egon Müller, aos 64 anos, técnico de futsal eleito em 2002 o melhor do RS