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Diário da Terceira Idade: Amor pela leitura aos 91 anos

14/10/2021 - 18h04min

Atualizada em 15/10/2021 - 00h27min

Morro Reuter – O morador de São José do Herval, Arno Eich, que completou recentemente seus 91 anos de idade, não abre mão de alguns costumes em sua propriedade no interior do município. Todas as manhãs sentado no canto da área da casa fica por dentro das notícias da região. A leitura do Jornal O Diário é indispensável na parte da manhã. O idoso reconhece que a leitura ajuda a estimular a memória e por isso também possui diversos livros em casa. Já quanto as páginas do Diário, Arno revela que procura sempre os artigos do jornalista Alexandre Garcia e as colunas de opinião de Raul Petry e Mauri Toni Dandel. Com a ajuda da bengala e o apoio de uma cuidadora, com passos lentos, realiza também diariamente uma caminhada no pátio. “Essa aqui é minha companheira”, disse aos risos apontando para a bengala, que está ao lado do exemplar do jornal e de um rádio de pilha. O aparelho, segundo a cuidadora, é para ouvir música e ficar por dentro das notícias do futebol. Costuma escutar no rádio as informações referentes ao Grêmio, time do coração.

Comemoração

O último final de semana foi comemoração em família. A festa pelo aniversário de Arno contou com a presença de familiares, com direito a churrasco, chope e um bolo para celebrar os 91 anos. A família Eich é muito numerosa e nem todos conseguiram estar presentes na festa. Ao todo são 13 filhos,18 netos e um bisneto. Arno hoje é viúvo do casamento com Irica Eich, falecida no final de julho do ano passado aos 87 anos. Ele revela que a benção do matrimônio dos dois aconteceu na tradicional Igreja de São José do Herval. Arno não esconde o orgulho dos filhos que hoje residem em cidades diferentes. “Tem filho morando em Dois Irmãos, Novo Hamburgo, Ivoti e até em Gravataí”, revela. Consciente em relação a pandemia, o idoso explica que apenas a família participou do aniversário. “Não colocamos música ao vivo, nem foguetes. Só churrasco, chope e folia”, acrescenta. A cada final de semana ao menos um dos filhos visita e fica com o pai. Com medo de ser traído pela memória, devagar e com ajuda da cuidadora, ele começa a citar o nome e a idade de todos os filhos para a reportagem. São eles: Maria Isoldi, 64 anos; Verena Glaci, 63; Ilaine, 62, Quinha, 59; Maria Liçane, 57; Marcos Aurélio, 56; Remi, 54; José Luís, 53; Ernani, 52; Valdir, 51; os gêmeos Marlise e Marcelo, de 47, e Sandra, de 45 anos.

“Não era fácil”

Arno fixou raízes e constituiu família em Morro Reuter aonde trabalhou na lida do campo, seja como chacreiro ou plantando para o sustento. Natural da localidade de Linha Marcondes, hoje região de Santa Maria do Herval, que no passado pertencia a São Leopoldo, Arno deixou o Estado ainda criança. Ele tinha apenas 8 anos de idade. A família tentava a sorte em Itapiranga, no Extremo Oeste de Santa Catarina. Ainda adolescente aprendeu o ofício de sapateiro e celeiro. No final da década de 50 vendeu a sapataria para voltar ao Rio Grande do Sul. O jovem Arno, então com 22 anos, estava de volta para a região aonde nasceu. Na ocasião conseguiu trabalho como caseiro em uma propriedade rural em Picada Verão, no limite entre Dois Irmãos e Sapiranga. “Aquelas terras eram de Edgar Scholles e mais tarde passariam para a Família Lima. Esses tempos me levaram para lá para ver como está hoje. Está muito diferente e mudado. Teve uma enchente forte que destruiu muita coisa no passado”, relembra. Como era costume na época, a maior parte das sete filhas iam trabalhar como domésticas em casas de famílias da região. Os rapazes, aos poucos, conseguiam empregos em fábricas ou seguiam ajudando na roça. “Não era fácil”, disse brincando com a quantidade de filhos.

Saudade de antigamente

Arno afirma que hoje a memória às vezes costuma falhar um pouco nas recordações de antigamente. “A memória não suporta mais como antigamente. Tínhamos a tradição de nos visitarmos uns aos outros. Uma duas vezes por semana. Meu vizinho nos visitava em um dia e em outro retribuíamos a visita. Riamos muito e falávamos sobre o que estávamos plantando”, descreve. O idoso lamenta que hoje todos os companheiros já estão falecidos. “Não tem mais nenhum vizinho mais próximo, a maioria das pessoas que moram aqui perto são veranistas”, disse. Um dos filhos atualmente ainda mora com o pai. Ele ajuda na manutenção e conservação da propriedade cercada de flores. O sustento da família era obtido a partir do trabalho na agricultura. “Plantávamos de tudo. Criávamos porco e tínhamos uma vaquinha de leite”, recorda.

Arno com um retrato de quando ele tinha 18 anos de idade

Parte dos filhos durante a comemoração do aniversário de 91 anos

Fotografia de Irica ao lado do marido Arno

Arno realiza pequenas caminhadas no pátio da casa

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