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Diário da Terceira Idade: “Schneidinha”, um professor que ama ensinar o xadrez
Por Cândido Nascimento
Ivoti – O professor Romar Idoneu Schneider, 71 anos, ganhou o apelido de “Schneidinha” quando era jovem. Natural de Arroio do Tigre, ele casou com a ivotiense e também professora Vera Regina Koch Schneider. Desde a juventude, Schneider dedicou-se ao esporte, e veio a ser coordenador do Desporto de Ivoti por oito anos. Ele dá aulas até hoje, com o foco atual em ensinar xadrez aos alunos do 3º ao 5º ano do Instituto Ivoti, onde tem o Clube do Xadrez.
Schneider e Vera Regina se conheceram em meados da década de 1970 e casaram-se em 1978, sendo pais de Jonatan, 33 anos, e Desirê, 29. A formação dele foi em instituições ligadas à Igreja de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), tendo começado o antigo 2º Grau (Ensino Médio) na Escola Normal de São Leopoldo, em 1965. A chegada em Ivoti foi no ano seguinte. A Faculdade de Educação Física foi feita no Instituto Porto Alegre (IPA).
NA PANDEMIA
Assim que surgiu a pandemia, cessaram as visitas a pessoas conhecidas, e pararam as aulas de xadrez que ele ministra no Instituto Ivoti, e as aulas de Artesanato, que a esposa ministra no Plug de Ivoti. “A gente fazia as coisas básicas, ir a mercado, e na farmácia, por exemplo”, explica o casal. Ambos liam livros da sua preferência e ele ainda mexia na horta da família e tocava algum instrumento de sopro para passar o tempo.
O destaque nos esportes serviu de incentivo
O desejo de Romar Schneider era ser pastor e professor. Por isso deixou a terra Natal, então conhecida por Linha Tigre, e foi estudar no internato em São Leopoldo. O apelido veio de lá, onde tinha o Schneider que era maior, e chamavam ele de “Shneidão”, e como ele era de menor estatura era o “Schneidinha”.
Como fez o Magistério no Instituto Ivoti, onde também ficava no sistema de internato, Schneider também fez a formação catequética, para auxiliar os pastores da Comunidade Evangélica da Trindade nas atividades. E foi no 2º Grau que ele começou a se destacar nos esportes, chegando a ser campeão nos 1.500m. Ele lembra que foi em 14 de outubro de 1.968, quando fez o percurso em 4min e 44seg e chegou em primeiro.
COMO AUXILIAR
Os seis primeiros seis meses do estágio transcorreram em Arroio do Tigre e os seis meses restantes foram na escola Estadual 19 de Outubro, em Ivoti., em 1969. “Foi nesse ano que a escola recebeu o nome de 19 de Outubro, e a diretora era a ex-prefeita Maria de Lourdes Bauermann”, explica o professor.
Assim que terminou o 2º Grau no Instituto Ivoti, foi convidado pelo então diretor Hans Günther Naumann para auxiliar na Educação Física. “Eu era ligado ao Esporte e tinha experiência no Magistério, então recebi o convite”, afirma. Ele assumiu as aulas de Educação Física no instituto ivotiense quando se formou no IPA.
EX-ALUNOS
O diretor do Instituto Ivoti, Everton Augustin e a professora de Arte, Dirce Schöninger, destacam as qualidades do professor Romar. Everton praticava corrida de 100m, lançamento de peso e de disco, Dirce foi recordista estadual por 10 anos como aluna e comenta a dedicação do mestre.
NO DESPORTO
Entre os anos de 1974 e 2009, paralelo ao Instituto, Schneider deu aulas na escola Estadual Mathias Schütz, e por um período de oito anos atuou no Conselho Municipal de Desporto (CMD) de Ivoti, onde eram organizados torneios e campeonatos de vôlei, futsal, além, de atletismo, ciclismo, bocha e bolão.
O Xadrez é uma paixão até hoje
Fã do campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, nascido no Azerbaijão, antiga União Soviética e que foi considerado o mais jovem campeão em 1985, com apenas 22 anos, Schneidinha vê nesse esporte um jogo que ajuda na concentração e no raciocínio lógico. Kasparov ia além, pois entendia que a definição de um problema enxadrístico era algo relacionado a uma arte.
Há 27 anos o professor começou a dar aulas de xadrez para as crianças, sendo que atualmente o ensino é para alunos do terceiro ao quinto ano do Instituto Ivoti. Ele recorda com saudosismo que todas as crianças do município tinham aulas, havendo inclusive campeonatos municipais, e foi um período do auge do xadrez no município.
O xadrez, inclusive, integra a Olimpíada Nacional da Rede Sinodal. As alunas do 9º ano, Giovanna Frachi e Alice Kleinowski, também definem o xadrez. “Eu gosto do xadrez porque a gente pensa várias jogadas na frente”, diz Giovanna. Já Alice observa que o esporte proporciona o raciocínio rápido.
A tradição musical herdada dos antepassados
Segundo relata Romar Schneider, os dois avós tocavam algum instrumento musical, e um tio por parte de mãe foi maestro, inclusive. O gosto pela música surgiu quando ouvia o som vindo dos bailes do Salão Peiter, que ficava a 50m de sua casa, no Arroio do Tigre.
“Eu sempre gostei de música, era uma paixão, pois se tocava em casa da família, na escola, na comunidade, e não era só música cristã, aram músicas gaúchas e do folclore alemão”, afirma. Também tinha um vizinho próximo (Carlos Bernardi), que tocava trombone, e esse instrumento musical despertou a sua curiosidade.
Ele começou a tocar trombone de verdade em 1965, com um colega de aula, no internato, em São Leopoldo, que era um pouco mais velho, (Otmar Otto). Em Ivoti começou a tocar trombone e trompete na igreja e no Instituto.
Em 1971 começou a dar aulas de Religião, mas também de música, com foco nos instrumentos de sopro, e ainda aulas de Teatro e Alemão.
Dedicação ao ensino e ao artesanato
A professora Vera Schneider dava aulas de História e Geografia, e fez parte do Projeto Tecendo Memórias, do Instituto Ivoti, com pessoas que eram ligadas ao projeto Economia Solidária, do Governo do Estado.
“Nós reunimos as senhoras que já eram ligadas ao bordado e desenho, e tínhamos aulas de Alemão, Arte e Desenho e técnicas de Informática, entre outras”, explica Vera. Ela integrou o projeto até 2011, e ele existe até hoje, com bordados e os wandschoners. Vera fez a arte e o bordado de um wandschoner que guarda em casa com os dizeres: “In glück und nott gibt Gott uns brot” que, traduzido, significa: “na alegria e na tristeza Deus nos dá o pão”. Sobre o trabalho afirma: “É uma tradição herdada das nossas bisavós”.
Ela começou a dar aulas no Plug em 2013 e só parou mesmo devido à pandemia, retornando assim que os protocolos da Saúde permitiram. No projeto ela dá aulas de bordado, já tendo sido feitos trabalhos em trajes de danças alemãs infantis, o bordado que ilustra um ikebana (flores, com a frase união). As aulas são para crianças de 8 a 14 anos e para mulheres.