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Diário Rural: Bananeiro de Picada Schneider afirma: “não uso nada de veneno na minha plantação”
A produção atual resulta da insistência em continuar
Cândido Nascimento
Presidente Lucena – Os seus antepassados vieram da Alemanha e tiveram as dificuldades iniciais para se instalar, adquirir ferramentas, fazer suas casas com as madeiras das matas que eles mesmos derrubavam.
Os anos passaram e o descendente José Antônio Graeff conta como foi difícil a sua própria história para chegar onde chegou. Hoje, colhe os frutos da perseverança em se manter nas lidas do campo.
Bananeiro colhe os frutos de um trabalho nada fácil (Crédito: Cândido Nascimento)
“Minha família é daqui de Picada Schneider”
Casado com Risonha Prass Graeff, com quem tem os filhos Rodrigo, 38 anos, e Tiago, 34, o agricultor, de 66 anos, lembra que seus avós eram naturais da localidade de Picada Schneider.
Os avôs eram naturais desse lugar “O meu pai, Osvino Graeff, tinha nove hectares de terra para plantio de aipim, batata-doce, cebola e milho. A minha mãe chamava-se Luiza Graeff, e somos de cinco irmãos (um é falecido), então o plantio era para a gente se manter, mas o meu pai tinha porcos e algumas vacas de leite também”, conta ele.
Uma parte do leite era para o sustento da família, e a outra era levada até um depósito, que ficava perto da ponte que dá acesso à propriedade da família, e ali tinha um antigo moinho. O produto ia para a Laticínios Ivoti.
Experiência: Ajudava o pai na roça
O mais novo dos irmãos, Antônio comenta que ajudava o pai na roça nos horários opostos ao das aulas. Ele auxiliava em todas as tarefas possíveis, mas nutria o sonho de ser caminhoneiro.
FURANDO POÇO
“Até os meus 16 anos trabalhei junto, então saí de casa e fui morar numa tenda, à beira da BR-386, em Triunfo, próximo ao Polo Petroquímico”, conta.
Naquele município, o produtor rural trabalhou furando poços nas propriedades particulares, até ter matado um gato, que confundiu com uma lebre, e teve que deixar tudo para trás e voltar para casa, caminhando vários quilômetros a pé e depois pegar o ônibus até Porto Alegre, para vir até a BR-116 e descer o morro a pé, até o lar.
“Essa foi uma experiência difícil que eu passei na minha vida”, conta o produtor. De volta à casa, auxiliou na roça até os 18 anos, e depois foi trabalhar no Curtume Bender Schuch, em Estância Velha, onde ficou apenas um mês.
Trabalhar com caminhão era um sonho
Em Estância Velha, Antônio residia na casa do irmão Adivo Graeff, para trabalhar no curtume estanciense. “Mas lá nesse curtume não deu muito certo, então voltei a Presidente Lucena e fui trabalhar no Bühler, em Ivoti”.
No Bühler ele transportava lenha e casca de acácia, deixando a lenha no curtume e a casca na empresa Seta, de Estância Velha. Ele ficou 18 anos como caminhoneiro, até comprar o próprio caminhão, em 1993, e chegou a trabalhar 36 anos nessa profissão, até se aposentar.
“Eu tinha na minha cabeça esse sonho de ser caminhoneiro, e ele foi realizado, hoje o meu filho mais velho segue esse caminho. O mais novo preferiu trabalhar no comércio”, relata Graeff.
Plantação começou com 800 pés e multiplicou por 10
Em 1988 Antônio Graeff já tinha algumas mudas na propriedade da família, mas o cultivo realmente começou em 1995, quando comprou 800 mudas em Torres, optando pela banana-prata.
Atualmente ele conta com mais de 8.000 pés de banana. No começo, deixou cinco metros de distância entre cada muda, que pode ter entre três e quatro pés próximos um do outro. “É pai, mãe e filho, e tem um lugarzinho para a sogra”, lembra o produtor com bom humor.
“Quando eu comprei as primeiras mudas, o preço era igual ao de um quilo de bananas da época”, comenta o “bananeiro”, que já tentou plantar a banana-maçã, mas ela não vingou. Hoje ele tem dois pés transgênicos, adquiridos em Picada Café, a título de experiência.
A colheita vai até maio e, se tudo der certo com o clima, o resultado vai ser bom, afirma ele, que perdeu toda a produção em 1992, por causa de uma forte geada, e teve que recomeçar.
Um plantio natural e orgânico
O produtor garante que não utiliza nem um tipo de agrotóxico no desenvolvimento das mudas e dos cachos de banana. Ele cultiva tudo da forma mais natural possível.
Graeff utiliza as próprias folhas das bananeiras para adubar a terra. Quando chove, desce terra do morro e se mistura com as folhas, e isso ajuda a manter a umidade do bananal.
A diferença da sua fruta para as trazidas de São Paulo, por exemplo, está no armazenamento. Antônio espera amarelar a parte de cima e depois corta o cacho. Depois, guarda por alguns dias e já está pronta para venda e consumo. “O que vem de fora é posto em estufas e logo apodrece, e eu colho quando está próximo do ponto para consumir”, explica.
Financiamento ajuda o colono
O produtor nunca precisou de financiamento para comprar alguma máquina ou veículo, ou mesmo mudas, mas defende a importância de financiar a produção, se for o caso.
Incentivo pelo bloco
Com relação aos benefícios proporcionados pelo uso do bloco de produtor, Graeff destaca que a Prefeitura contribui com os proprietários rurais em alguns itens.
“Eu tenho o bloco, e recebo adubo que utilizo na plantação do milho, que é usado como alimento para as galinhas, e isto já é um bom incentivo”, destaca o produtor rural.