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DIÁRIO RURAL: Casal se divide entre cultivo de alface e goiaba em São José do Caí

23/06/2021 - 11h25min

Atualizada em 23/06/2021 - 16h45min

Oswaldo e Maria Libardi exibem com orgulho a produção de alfaces (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – Chegar até a propriedade de Oswaldo e Maria Libardi em São José do Caí é um passeio por entre os morros e nuvens que, muitas vezes, podem ser vistas em níveis abaixo da estrada. Quem vem pela BR-116, contornando os penhascos sobre o Rio Caí, já observa que está chegando em um local calmo e, acima de tudo, muito bonito.

Pouco depois das 11 horas, a reportagem do Diário chegou à residência do casal. Algumas batidas de palmas e Maria já abriu a porta. “É do Diário! Vim conhecer a produção de vocês”, disse o repórter. “O Oswaldo ainda não voltou pra casa, ainda tá lá nas goiabas. Mas vamos indo que eu te mostro”, respondeu a agricultora que deixava a preparação do almoço para voltar à lavoura.

Atravessando a rua, um pomar de goiabas cresce aos montes, fazendo sombra aos pássaros que ali perto usam um pequeno lago como bebedouro. Mais alguns metros para frente e lá estão elas. As alfaces com um verde vivo que enchem os olhos, antes de encherem o estômago. São cerca de 2,5 hectares de verduras plantadas, que produzem cerca de 500 dúzias por semana. Maria começa a contar, com um sorriso no rosto, que tudo ali é trabalho dela. É ela a responsável pelo plantio, cultivo e colheita dos milhares de pés que todos os meses saem dali para as mesas dos consumidores.

Os campos verdes mostram a qualidade do plantio (Créd.: Dário Gonçalves)

“Eu vou plantando por partes. Essas fileiras (apontando para o local) eu colhi hoje pela manhã, aquelas ali já posso colher amanhã. E as outras mais ao fundo, que ainda estão pequenas, na semana que vem já podem ser colhidas”, explica. Na propriedade também há alface roxa, couve chinesa e repolho. Mas esses itens não rendem o esperado e sairão “de linha”, restando apenas as alfaces e goiabas como meios de produção.

“Lá vem ele”

Aos poucos, um barulho de motor surge por de trás da colina. Conforme o som aumenta, Oswaldo vem surgindo no horizonte dirigindo um pequeno trator. “Lá vem ele, o Oswaldo”, avisa Maria. Devagarinho ele vem chegando, o trator é para o trabalho e não tem grande velocidade. Maria vai falando da vida sossegada que vive em São José do Caí, e também do receio de que o coronavírus chegue até eles.

Como se houvesse um limite de que não poderia passar, Oswaldo estaciona o trator ao lado da última goiabeira e vem a pé se juntar à Maria entre os pés de alface. “Bom dia! Se molhou nessa neblina?”, questionou. “Um pouco”, respondeu o repórter. Ele mostra as mãos sujas de terra, como quem diz que realmente estava trabalhando.

Um para cada lado

Com a sincronia de quem se conhece há muitos anos, o casal vai falando como é a rotina diária dos dois, um completando o outro. Acordam cedo, assim que clareia o dia. No verão, o trabalho já começa por volta das 5 horas da manhã, mas também termina mais cedo, já que o sol do meio da tarde é exaustivo. Tomam café e então saem, um para cada lado. Maria vai para a plantação de alface, ele para as goiabas. Cada um tem seu próprio veículo de produção. Oswaldo usa o trator já citado, e ela um outro um pouco maior com uma carroceria para trazer as caixas de alfaces colhidas.

Assim eles ficam durante toda a manhã, cada um responsável por um tipo de produção. Perto da hora do almoço, Maria volta pra casa para preparar a comida. “As goiabas são a principal fonte de renda, mas eu gosto de ter o cultivo das alfaces pra ter o que fazer”, comenta ela, que já é aposentada, assim como o marido. Depois do almoço, a rotina repete-se sem hora pra acabar.

Mais de 100 mil kg de goiabas produzidas em 2021

Somente neste ano, o produtor já vendeu mais de 100 toneladas de goiabas, que vão principalmente para fora do município, para uma empresa de Chimia. Mas a Cooperativa Piá também costuma comprar parte da produção. No total, são mais de 2.500 pés espalhados em 3,5 hectares. O trabalho diário de Oswaldo consiste em podar as árvores, deixar as goiabeiras saudáveis e prepará-las para a hora de colhêr.

Cada um usa o próprio veículo para carregar as produções (Créd.: Dário Gonçalves)

Quando chega a hora de tirar dos pés, aí sim a ajuda chega. Maria “cruza a fronteira” e deixa as alfaces para trás para ser mais um braço forte na colheita das goiabas. De vez em quando, os dois filhos também ajudam nos finais de semana. E aí, todos juntos, o caminhão de Oswaldo fica lotado de caixas, cada uma contendo dezenas e dezenas da fruta. Saindo da propriedade, as caixas se espalham para outros caminhoneiros com quem o casal Libardi possui sociedade. Mercados em Caxias do Sul, Porto Alegre, Canoas, Tramandaí e Vacaria são os principais destinos.

Sem ter o que fazer

Quando Oswaldo começa sua plantação, ele não sabe quanto venderá no final. E às vezes, isso torna-se um grande problema. Sem ter o que fazer com tanta goiaba, e sem novas vendas programadas, não resta nada além de esperar que elas caiam ao solo. Algumas chegam a pesar um quilo, ele garante, mas não conseguindo vender e sem conseguir consumir na quantidade exigida para evitar o desperdício, o destino acaba sendo virar adubo para que, num futuro bem próxima, sejam o alimento necessário para as novas árvores que estão a produzir.

Oswaldo mostra as goiabas que podem chegar a 1 kg no pé (Créd.: Dário Gonçalves)

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