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DIÁRIO RURAL: Casal de Hortêncio faz da colheita de aipim sua fonte de renda
São José do Hortêncio – Trabalhar bastante e sem reclamar do tempo, ou que é muito cedo para levantar da cama, não é motivo de reclamação para o casal de produtores rurais Bernardo Franz, 71 anos, e Lori Maria Jung Franz, 70. O casal é natural do município, se conheceu em um baile na Sociedade São José, e deve completar 51 anos de casados neste ano. Ambos começaram o serviço no campo bem cedo, ele com 8 anos e ela entre 12 e 13 anos.
Possuir a terra, uma equipe de pessoas para trabalhar e máquinas que facilitam o serviço é de fundamental importância para que os mais novos queiram dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos por avós e pais na lida do campo, acredita o casal.
Segundo o produtor rural, não utilizar agrotóxico nas lavouras é um bem tanto para a saúde de quem planta, quanto para o consumidor. “Eu penso que tem que trabalhar, pegar na enxada, e não usar veneno nas plantações”, defende Franz, que trabalha até no domingo, quando tem muito serviço.
Uma tradição familiar
O pai de Bernardo Franz, Elmo Mathias Franz, teve sete filhos (quatro são falecidos), e todos trabalhavam na agricultura. A família tinha criação de porcos, gado de leite, plantava aipim, milho e fumo. Hoje, o foco da propriedade está no plantio de aipim, laranjas e bergamotas. Os demais produtos servem para o consumo próprio da família. A família ainda tem alguns porcos e um boi, e possui um açude onde cria carpa capim.
Lori, por sua vez, lembra que o avô, Pedro Jacob Jung, possuía um alambique na localidade de Passo Fundo, próximo ao Ginásio Municipal. Atualmente um dos descendentes de Jung administra a propriedade e cultiva a terra.
O filho de Bernardo e Lori, Valdemar, de 49 anos, trabalha atualmente como motorista de caminhão, e tem como projeto implantar um aviário na propriedade da família. O local já recebeu a terraplanagem e terá entre oito e nove lotes anuais quando estiver em pleno funcionamento.
Variedade do aipim plantado é a vassourinha
O agricultor familiar e a esposa contam com uma área de seis hectares, tendo quatro destes plantados. São por volta de 20 mil pés de aipim plantados e a expectativa é colher cerca de 1.000 caixas do produto, que é repassado para o produtor rural Paulo Kunzler que, por sua vez, leva para a venda na Ceasa, duas vezes por semana. “Essa é uma parceria boa”, define o agricultor.
Bernardo conta com orgulho que já foi quatro vezes premiado como o pé mais bonito em avaliação feita na Festa do Aipim, evento que é realizado a cada dois anos.
O serviço começa cedo pela manhã, às 5h30, mas primeiro Bernardo toma o seu chimarrão e depois vai para a roça. A colheita é feita três vezes por semana, no dia anterior ao transporte para a Ceasa. “Enquanto se tem saúde, temos que trabalhar; eu só gosto mesmo é de trabalhar na roça, nunca trabalhei fora”, comenta o proprietário.
Galpão foi financiado no Sicredi
O galpão que existe na propriedade onde reside a família, próximo à Escola São José, foi adquirido através de um financiamento realizado junto à Cooperativa Sicredi há alguns anos. Ali ficam estocados produtos colhidos na propriedade.
No local também são guardadas algumas ferramentas e a antiga carreta puxada por bois e que é utilizada até hoje.
Incentivos devem ser de 100% em bônus
A família destaca a importância de incentivos da Prefeitura para tocar os negócios na roça, entre os quais os incentivos na aquisição de adubo e horas-máquina para plantio. Os pedidos são feitos conforme as notas tiradas pelos produtores durante o ano.
O secretário de Agricultura, Felipe Trein, e o auxiliar Maicon Feilstrecker, destacam a importância dos incentivos para fomentar o setor da agricultura familiar no município.
No sistema atual é possível trocar 60 por cento dos benefícios em bônus e 40 por cento em dinheiro. Trein destaca que a meta é atingir o repasse de 100% em bônus para dar um maior incentivo aos produtores, que não mais precisarão tirar dinheiro do bolso e pagar a diferença.
“Os bônus são pagos sobre as notas extraídas no ano, e é um valor sobre a quantidade de produtos vendidos, então é repassado em adubo, ureia, esterco ou uso de horas de máquinas”, destaca o secretário.
Entre os demais incentivos estão a aquisição de alevinos diversos para motivar a criação de peixes, e o Plano de Fomento Florestal, em parceria com a empresa Seta, de Estância Velha. E ainda tem o programa Troca-troca de sementes de milho, em parceria com o Governo do Estado.