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Diário Rural: diversidade de culturas é diferencial da chácara dos Dalcortivo em Estância Velha

05/05/2021 - 08h00min

Casal se alimenta quase integralmente do que produz, sem agrotóxicos (Crédito - Jéssica Ramos)

Estância Velha – Nascido em Arvorezinha, mas criado em Guaporé, foi em Estância Velha que seu Claudir Dalcortivo encontrou guarida para o coração descendente da agricultura. O metalúrgico semeou os sonhos da aposentadoria, junto à esposa Ires Dalcortivo, na chácara que eles adquiriram no interior do município.

Atualmente, o casal trabalha apenas para o consumo próprio, mas aproveita cada espaço dentro dos 2,5 hectares da propriedade, e investe no cultivo dos mais variados tipos de cultura.

Milho, batata, aipim, beterraba, cenoura, rúcula, brócolis, couve-flor, repolho, tempero verde, ervilha, fava, feijão de vagem, feijão, cana e seus derivados, tais como a garapa, açúcar de cana e melado são alguns exemplos do que se encontra na chácara dos Dalcortivo.

No pomar não é diferente, tem bergamota, figo, noz pecan, mamão, laranja, uva, amora e, recentemente, o casal também está cultivando pitaya. “Se temos a terra e sabemos plantar, por que não aproveitar? Compramos pouquíssimas coisas”, considerou dona Ires.

Saudades da vida no campo

Dona Ires tem uma horta separada “para trabalhar sem interferência”, brinca ela (Crédito – Jéssica Ramos)

Seu Claudir conta que comprou a chácara, que fica no Morro Agudo, em 1993. Na época, ele ainda residia com a família em São Leopoldo, cidade para onde foi transferido pela empresa que ele trabalhava em Guaporé, na função de metalúrgico.

Aos poucos, ele e a esposa foram mudando para a propriedade que, inicialmente, os recebia apenas nos finais de semana. Seu Claudir conta que o acesso ao local era precário, “do jeito que entrava com o carro, saía também. Costumo dizer que entrava de ré para sair de frente (risos), pois não havia estrada como há hoje”, contou.

Dalcortivo relata que a infraestrutura limitada nunca foi problema para ele e a esposa. “Cresci no interior, sem energia elétrica ou recursos e tecnologia como as de hoje. Perdi meu pai aos oito anos, e enquanto pude estudar, era escola de manhã e roça à tarde, tanto para mim, quanto para meus dez irmãos. Pode parecer duro, mas a gente vivia muito melhor do que se vive agora”, destacou.

Seu Claudir e a esposa contam que tudo o que aplicam na chácara do casal é herança das lições dos pais de ambos. “Tudo o que fazemos, o que cultivamos, aprendemos com nossos pais. O Claudir chegou a fazer cursos, tivemos muito incentivo da Emater, mas a cultura de produzir um pouco de tudo vem de berço”, destacou dona Ires.

Questionados sobre o que os motivou a adquirir a propriedade, eles foram unânimes: “vivemos bem na cidade, mas nunca foi a mesma coisa. Não sei se estaríamos vivos não fosse por ter mudado para cá. Nossa qualidade de vida, até mesmo se tratando de alimentação, livre de agrotóxicos, não tem comparação. Sem falar que estamos sempre envolvidos com alguma atividade”, disseram.

Produção dos Dalcortivo é conhecida pela comunidade

Apesar de, atualmente, produzirem apenas para o próprio consumo, seu Claudir e dona Ires já contribuíram com a alimentação de muitos estancienses, por alguns anos. Seu Claudir, inclusive, foi um dos fundadores da Feira do Produtor Rural do município, evento que eles participaram de 1997 a 2001, comercializando verduras, ovos caipiras, conservas e massas caseiras.

Além disso, o casal também serviu à merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), até 2017. Na época, eles contam que chegaram a produzir mais de duas toneladas de pepino por mês, além de tomate e pimentão que, para eles, era o carro chefe da produção direcionada ao Pnae.

Com ajuda dos caseiros, o casal também trabalhou com a venda de ovos de codorna. Na época, chegaram a criar mais de duas mil aves e, paralelo a isso, também comercializavam massa caseira e massa de tomate, sem conservantes. “Tínhamos licença para vender na cidade. Entregávamos massas e molhos no em diversos pontos do comércio local”, lembra seu Claudir.

As lembranças do tempo de produção significativa fazem os olhos do casal brilhar, mas ambos consideram que a saúde vem em primeiro lugar, o que justifica terem deixado de produzir para a venda.

“Pouco tempo depois que me aposentei, me chamaram para trabalhar como metalúrgico novamente. Tivemos que abrir mão do comércio, pois a Ires, sozinha, ficaria sobrecarregada e eu não teria como auxilia-la sem me sobrecarregar também. Então, saúde em primeiro lugar. Seguimos plantando e criando alguns animais de corte, apenas para nós”, explicou seu Claudir.

Na propriedade, o casal cria galinhas, gansos, porcos e peixes. Chagaram a ter gado, mas hoje consideram que daria muito trabalho.

Plantio orgânico

Seu Claudir extrai líquido fertilizante e repelente da mistura de plantas que ele mesmo cultiva na chácara (Crédito – Jéssica Ramos)

Um dos diferenciais da produção dos Dalcortivo é a ausência de agrotóxicos. Mas seu Claudir salienta que é preciso ter muita paciência e amor para que a técnica dê certo. “A terra leva cerca de três anos para estar pronta para o cultivo orgânico. É um processo de preparo que segue etapas. Depois, eu mesmo faço “uma vitamina natural” para as plantas, que serve tanto para fertilizar, quanto para repelir pragas”, contou.

Sorrindo, seu Claudir mostrou os recipientes que ele usa para produzir “a vitamina natural”. Comprovou que a mistura de determinadas plantas, cultivadas na própria chácara, podem dar belos resultados”.

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